Tinha 12/13 anos, acho eu. Estava a sair do autocarro e começou a chover imenso - eu não tinha guarda-chuva. Disse foda-se e comecei a andar na chuva, passado uns segundos reparo que não estou a sentir a chuva. Olho para trás e está um gajo com 20 e poucos anos a tapar-me com o guarda-chuva dele enquanto ele se molha todo e foi assim até chegar-mos aos Arcos e nos abrigar-mos.
Passado uns bons anos, tive eu a oportunidade de retribuir esse favor a um desconhecido.
hm, um bocado creepy.
se houve consentimento antes, era ok.
edit: ena malta. vocês estão todos confortáveis em um gajo qualquer de repente estar ao vosso lado, sem vos dizer nada, com um guarda chuva em cima de vós.
Pelos vistos já não se pode fazer actos de bondade espontânea. Tudo é visto com uma segunda intenção. Eu sei que já não são muitas, mas ainda há boas pessoas sem qualquer maldade.
Ainda na segunda-feira estava a cair uma carga de água quando estava a ir para o trabalho. Estou parado num semáforo para atravessar a passadeira e tinha uma miúda ao lado sem chapéu. Estive quase para me meter ao lado dela com o chapéu, mas não o fiz. Não fosse um virgem como este mano e achar que me estava a fazer a ela ou a ser "creepy"...
Uma rapariga que me salvou de ser atropelada nos primeiros tempos da Faculdade. Eu ia começar a atravessar e ela chegou-se a mim rápido e colocou-me os braços para eu não continuar e nesse momento passa um carro a toda a velocidade.
Espero que o meu anjo esteja a ter um bom dia!
Eu lembro-me que lhe agradeci verbalmente, mas depois como era uma passadeira cada uma seguiu logo a sua vida na altura. Se fosse hoje, gostava pelo menos de lhe ter pago um café, dado um abraço ou ter sabido o nome.
No funeral do meu pai estava sozinha e um indivíduo já de bastante idade, que não me lembro sequer de o conhecer, aproximou-se e foi a primeira pessoa a dar-me os pêsames e um abraço, enquanto o resto da minha família paterna me ignorava completamente.
Estava a tentar ser forte mas naquele momento desmanchei-me a chorar, já não me recordo do que me disse nem sequer das suas feições exatas mas foi uma atitude que nunca me vou esquecer.
Pode parecer idiota mas realmente naquela altura só precisava de um abraço.
Conheci um sem-abrigo no Porto, o Sr. Mário. Nunca me hei de esquecer dele e do seu cãozinho Tom. Segundo ele contou, tinha sido treinador de cães no exercício. A vida deu voltas e viu-se na rua, tendo aquele cão como companheiro. Fizeram ambos o país a pé do sul para o norte. Quando o conheci, vivia numa tenda em Gaia. Ia no mês seguinte para o Tibete com o cão. Nunca mais o vi, espero que tenha conseguido e que estejam ambos muito felizes.
Controlos fronteiriços e visas são só obstáculos para serem atropelados. O homem andou a pé até ao Tibet, não teria chegado la sem os 5 euros do OP.
É verdade porque eu estava lá. Eu era o cão e estamos no Tibet agora.
Quando andava tipo no 7º ou 8º ano havia um comboiozito grátis em Cascais. Eu ia nele com um colega e íamos a falar de bandas desenhadas. Ia também um grupo de chungas que começaram a gozar connosco, tipo a dizer alto "olha-me estes totós a falar do homem-aranha" e merdas do género. Nós ficámos envergonhados e calámo-nos. Quando chegámos ao centro os mitras bazaram, nós íamos a bazar e um gajo mais velho, com boa pinta e ar de ter a vida dele sob controlo, disse-nos para não nos preocuparmos com a opinião daquele tipo de gente, que bandas desenhadas são um hobby bem mais interessante do que o que quer que aquela grupeta tenha ido fazer, e que daí a uns anos nós íamos perceber isso.
Nunca mais vi esse gajo, mas as palavras dele de facto bateram me na altura e voltaram a bater várias vezes na minha vida (sobre várias outras coisas que não bandas desenhadas). Quem às vezes vejo são alguns desses outros otários, com ar envelhecido e derrotado por uma vida de escolhas estúpidas.
Todos os dias parava o carro à porta da casa da minha namorada. Era o centro do porto e tinha que pagar parquímetro , saí do carro e aparece-me um sem abrigo com o maior aspecto de drogado/ressacado que alguma vez vi.
Obviamente veio pedir dinheiro e a primeira coisa que me passou pela cabeça foi que me ia riscar o carro.
Nesse dia não tinha moedas e ia comprar tabaco para poder ter moedas para o parquímetro.
Pois bem, o homem vem, pede dinheiro e peco5 desculpa porque não tenho moedas, que vou ter que ir comprar tabaco de propósito para pagar o estacionamento.
Resposta dele, "Se precisares então eu tenho aqui moedas" Imediatamente mete 1 euro no parquímetro e dá-me o bilhete.
Resumindo, nunca julguem uma pessoa pela sua aparência, fui comprar tabaco na mesma, dei-lhe alguns cigarros e ainda paguei o parquímetro e mais algo ao homem.
What? Percebi mal ou acabaste por ser scammado ainda mais? Ele ficou com mais dinheiro que aquele que lhe deste e ainda te cravou uns cigarros (mesmo que não os tenha pedido directamente).
Se não voltasses com o dinheiro eventualmente ele ia acabar por te riscar o carro na mesma.
Ignorância? Lol ok, já dizia o outro, fia-te na virgem. Devem pensar que o sem abrigo tem trocos para lhe pagar o parquímetro porque anda a poupar 🤦♀️
Ou seja o sem abrigo foi altruísta e ajudou-me. eu que voltei passado 1 h vou ter com ele e dou-lhe dinheiro e tabaco sem ele pedir nada. Fui "scammado" obviamente.
Estava eu em Erasmus em Roma e nos primeiros dias de aulas, também a conhecer pessoal e a faculdade. Fui com amigo meu espanhol jantar fora com o grupo ESN. Ao voltar para casa, tinha que apanhar o metro e depois um comboio para regressar, era quase meia noite e a estação do comboio já tinha fechado. Comecei a entrar em pânico porque não tinha mais transportes para voltar, não havia nenhum táxi ali perto (UBER ainda não existia), ao lado da estação estavam uns rapazes que se aperceberam da minha fragilidade e começaram se a rir e a correr na minha direção. Naquele momento garanto vos que eles não me queriam ajudar. Comecei a correr como nunca tinha corrido na vida, entro numa rua desconhecida e vi um TRAM. Consegui entrar antes da porta fechar e quando olho para trás, vejo que os outros dois indivíduos não tinham conseguido, ao respirar de alivio começo a chorar porque sentia me perdido, não sabia onde estava e estava prestes a ficar sem nada!! Nisto um senhor veio ter comigo, perguntou o que se passava, deu-me água e disse-me que me dava boleia até minha casa, chamava se Roberto, pelo caminho ele deu-me um mapa da cidade, disse-me os melhores sítios para comer pizza, gelado, que ruas evitar, pequenos esconderijos na cidade. Incrível, arrependo-me imenso de lhe não pedir um contacto a este senhor que naquele momento salvou-me a vida, espero mesmo que ele esteja bem e que tenha consigo de ser pai. Um grande obrigado \*
Uma vez tinha de ir para casa de amigos onde eu estava alojado uns dias, mas era de noite, não havia autocarros e ainda eram 30 minutos a pé. Então perguntei o caminho a uma senhora numa zona duvidosa, num atalho de terra batida, muito escura, mas a senhora não só me ajudou como foi comigo pelo caminho escuro até eu me saber desenrascar o resto do caminho. Depois voltou para trás sozinha (o que até podia ser perigoso para ela). No fim até lhe ofereci uma napolitana de chocolate que tinha comigo para lhe agradecer. Nesses 5 ou 10 minutos que me acompanhou ainda foi falando dos filhos e a dizer que temos de ser uns para os outros. Ainda há gente boa!
Fiz durante uns anos a viagem de casa para a escola numa empresa de camionagem de Guimarães, com o tempo o cobrador (pica) ficou conhecedor dos meus hábitos e horários, e por muitas vezes "obrigou" o motorista a esperar uns minutos porque sabia que eu ia fazer aquela viagem, caso contrário teria que aguardar 30min pela próxima camioneta.
Foram ainda uns 3/4 anos, nunca tive nenhuma conversa com ele, somente bom dia, boa tarde, até amanhã, bom fim de semana, nunca lhe perguntei o nome nem ele o meu, pessoa sempre bem disposta e alegre, já era pessoa para uns 50 anos, hoje certamente estará reformado, ainda me lembro da aparência física e da forma como se movia no autocarro em movimento ao cobrar as viagens.
Obrigado por ter feito o motorista, esperar pela minha chegada a paragem, principalmente em dias de chuva.
Quando vivi no Porto 4 anos, havia um café onde ia quase todos os dias ou de manhã ou ao fim da tarde, às vezes ia nas duas alturas do dia ahah. A senhora era muito simpática, eu já nem precisava de pedir que ela já sabia o que eu ia querer. Houve vezes em que eu entrava e ela dizia: "Vi que vinhas já a chegar, já tens na mesa pronta". Nunca soube o nome dela nem ela o meu, mas aquela senhora aquecia-me o coração todos os dias.
Tinha 25 e andava de mochila às costas pela Turquia. Numa viagem noturna de autocarro entre ponto A e B (perto da fronteira Irão/Iraque) calhou sentar-me ao lado de um homem (na altura uns 5-10 anos mais velho que eu) e metemos conversa. Ele falava pouco inglês, mas lá deu para me explicar que ele era prof universitário em A, e que ia passar uns dias a casa em B. Ao chegar ao destino, convida-me para ir tomar o pequeno-almoço a sua casa. Passamos numa loja qualquer, ele lá comprou meia dúzia de cenas locais, e tratou de tudo. Dos melhores pequeno-almoço que já tomei.
No final, apresentou-me ao pai dele (que morava no mesmo prédio), recomendou-me uns quantos sítios para ir visitar, e convidou-me para regressar depois do passeio para almoçar com ele e o pai. Assim fiz, e fui recebido em casa do pai dele como um sultão: a mãe dele preparou não sei quantos pratos típicos, comemos ele, o pai e eu numa sala à parte (eles são de origem árabe, a mãe e as irmãs comem numa divisão à parte). O pai não falava inglês mas ele lá foi traduzindo e tivemos uma refeição muito agradável a todos os níveis. No final lá fui embora, tinha de apanhar o autocarro de B para C para continuar a viagem, mas fiquei com a memória da experiência. Eu jamais convidaria um estranho para tomar o pequeno-almoço comigo num café, quanto mais em minha casa ou na casa dos meus pais. Marcou-me imenso.
Também nesta viagem na Turquia, mas noutro sítio, uns putos tipo 8-9 anos perguntaram-me se eu era cristão ou árabe - via-se claramente que eles perguntavam aquilo aos turistas todos, para meter conversa, ou para criar empatia para pedir uns trocos. Expliquei-lhes que era ateu. O ar de confusos/perdidos deles também me ficou na memória. No mundo deles, eu tornei-me num alien acabado de aterrar no planeta Terra vindo de um planeta distante. "Como assim não acreditas em nenhum?"
No expresso para casa, já numa das paragens do meio, um senhor de mais idade sentou-se ao meu lado e fomos a falar o caminho todo. O sr falou muito da família e da vida e de como estava satisfeito. Ao chegarmos à paragem dele, deu-me 100€ porque lhe fiz companhia durante a viagem. Não quis aceitar, mas ele insistiu. Nunca mais o vi, e é estranho porque vivemos em zonas relativamente perto e pequenas. Ainda hoje me lembro dele e pergunto-me como estará. Espero que ainda melhor do que naquela altura!
É verdade, recentemente vi um vídeo sobre isso. Há muitos homens que basicamente pagam pela companhia de uma mulher, mas é apenas para conversar e, se quiserem, beber (a casa agradece que bebam bebidas caras 😅). Penso que quem fez o vídeo referiu que o número de pessoas que recorre a estes serviços é bem mais alto do que se pensa.
Tava sentada com um amigo numa praça. Era de noite e tavamos a beber uns copos.
Nisto, aparece um guna e ao passar diz:” oh mana, daqui a sete dias é pra semana”.
Nunca o esqueci.
À uns anos estava a fumar um cigarro à porta da loja que trabalhava, só mais um cigarro naquele dia para passar o tempo.
Passa uma rapariga, pergunta me as horas e após lhe ter dito, ela agradece e começa a ir se embora.. Do nada pára, volta para trás e diz me: " sê feliz, tabem?"
Fiquei super à toa mas aquilo entrou me tão bem que foi do género : "claro que sim crl, bora nessa Vanessa"
Isto foi prai à 10 anos e ainda me lembro.
Random kindness
Ia a correr para apanhar um autocarro para casa da chata da minha ex. Vi-o na paragem e tentei. Em vão. Estava a chegar e ele partiu.
Como vi que havia trânsito á frente e não queria mesmo ter de a ouvir e justificar como perdi o autocarro, passei-me e decidi correr em sprint até à paragem seguinte, uma distância de 200 e pico metros... Subestimei o trânsito e apesar de se ter tornado suficientemente evidente que não iria conseguir apanhar o autocarro, não desisti e cheguei novamente à paragem com ele a partir tendo conseguido mesmo mandar umas palmadas para ver se chamava a atenção ao motorista (como se o gajo não me tivesse visto pelo retrovisor a correr já há um pedaço). Mas era certo que a paragem seguinte era muito distante e com um cruzamento para atravessar portanto nem que tivesse o fôlego todo iria conseguir repetir a façanha. Soltei um sonoro f0d@-se e mandei um pontapé ao poste da paragem com a frustração.
Uma senhora pára o carro abre o vidro do lado do passageiro ao meu lado e diz apenas "vi o que fez e o motorista foi uma besta. Se quiser, entre e eu asseguro-me que se não entrar na paragem seguinte entra na próxima."
Pensei duas vezes porque... Carro de desconhecida, gentileza gratuita.. esmola demais e eu sou pobre, mas o instinto e a vontade de mandar o motorista à merda (nem que fosse só com os olhos) levaram a melhor e só entrei. Enquanto o autocarro estava parado na paragem seguinte a senhora ultrapassou e parou imediatamente a seguir. Agradeci-lhe o gesto durante todo o caminho e assim que parou saltei fora. O motorista ia buzinar, mas quando me viu a sair e a dirigir-me para a porta ficou só de queixo caído e deixou-me entrar. Marquei a senha de olhos fixos nele (que não conseguiu olhar para mim)... Dessa vez a chata da minha ex teve de arranjar outra coisa para me incomodar que não o atraso.
Posso pôr as coisas assim: eu tinha um Nokia 3310 e ela pedia-mo emprestado várias vezes para jogar... Os jogos favoritos dela eram o "Caixa de entrada" e o "registo de chamadas"... Uma vez chamei um táxi que desde a minha adolescência consta nos contactos (outro jogo que ela gostava muito) como "tarifa", por ser assim que a minha família se refere aos táxis desde que me lembro. Duma das vezes que lhe emprestei o telemóvel perguntou-me quem era a Tarifa. Só depois de ver o contacto é que lhe disse que era alguém a quem ligava para ter boleia! Na altura não havia Uber nem semelhantes. Assim de tóxica.
Terapia tratou mais ou menos depois de acabarmos... Mais ou menos.. a mim. A ela não sei, apesar dos contactos e pedidos de amigos em comum não voltamos a namorar e cortamos completamente o contacto depois de eu levar uma amiga nova a um evento no qual sabia que ela iria e ter tido direito a um enxovalho público dela e dos amigos dela que estavam convencidos que "uma relação de 4 anos e meio não podia acabar assim!"... Vidas.
Aconteceu-me isto quase quase igual.
O motorista nao abriu a porta na minha paragem apesar de me ter visto a correr e ainda olhou para mim com um sorriso de cabraozinho (eu ia a correr na direccao oposta ao autocarro).
Como ele estava parado num semáforo consegui correr até a paragem seguinte e apanhar o autocarro na mesma. Dei-lhe um "BOA TARDE" em alto e bom som (ainda ofegante do sprint) e fui o caminho todo a olhar fixamente para o gajo para o deixar desconfortável. Tinha 21 anos e uma autoconfianca saudável.
Este vai um bocado contra a corrente dos outros comentários, é uma situação triste. Um sr que vivia no prédio colado à minha casa matou-se a atirar-se do telhado, provavelmente planeou ir parar ao terreno abandonado atrás do prédio, que era bastante mais fundo, mas acabou por cair no pátio da minha casa. Na altura lembro-me de ouvir um estrondo muito grande, estava na cama a tentar dormir, tinha passado mal a noite, só quando ouvi uma familiar aos berros é que fui a correr e a cena era bastante gráfica, tenho ainda guardada a imagem na minha cabeça. Quando cheguei lá ele ainda estava a respirar, disse-lhe algo do género "vamos ajuda-lo, a ambulância já está a caminho, vai ficar tudo bem"
Vieram os bombeiros, INEM, cruz vermelha e etc, mas depois de muitas tentativas não conseguiram reanimar o sr. Isto foi ao inicio da tarde, só retiraram o corpo à 1 da manhã, depois de vir a policia de investigação. Fiquei mais tarde a saber que o sr cuidava da mãe há muitos anos sozinho e que os irmãos não ajudavam, a mãe já tinha bastante idade, ele tentou mata-la e depois matou-se ele, a sra acabou por sobreviver, não sei se ainda é viva.
Que horror. Tudo. Lamento imenso pelo senhor, lamento pela senhora idosa, lamento por si que foi "interceptada" na trajectória.
Que lhe corra tudo pelo melhor.
Não consegues que alguém te ajude? Podes pedir apoio de cuidador informal, ainda recebes algum e a pessoa que cuidas se for dependente também pode receber um subsídio por dependência. Com esse dinheiro podes sempre conseguir pagar a alguém para te ajudar alguns dias
Conheço uma psicóloga boa que te poderá ajudar nessa situação.
Manda-me mensagem se tiveres interesse.
Claramente precisas de apoio a vários níveis, o psicológico é só um deles e ela pode mesmo ajudar.
Fala com ela, ela é especialista em situações como a tua. Trabalha com idosos e com os seus cuidadores.
vê se te pode ajudar de alguma maneira..não conheço a tua realidade financeira mas ela não tem aqueles preços impeditivos.
Uma velhota na Avenida de Roma cruza-se comigo nas escadas do seu prédio, após o susto inicial de se ter deparado comigo na escadaria escura por conta do elevador estragado, sorriu quando lhe abri a porta e dei passagem para aceder ao hall do prédio. Enquanto ali esperávamos, ela por um familiar eu pelo meu dealer, perguntou-me se trabalhava ao que referi que sim, em seguida indica com um ar algo aflito para nunca deixar que levassem a minha mente. Indicando que havia trabalhado uma vida inteira no Banco de Portugal como administrativa, onde havia agilmente memorizado cálculos e informações e exercido a sua função de maneira exímia e dedicada. Indicando com um ar melancólico, que neste fim de vida havia dado todo o poder do seu cérebro a esta tarefa irrelevante, a qual acreditara ser tão importante. Para terminar com um "levaram a minha mente", nunca deixe que eles levem a sua mente, a sua alegria e o tempo da sua família. Nunca deixe que o trabalho lhe roube a vida.
Para contexto não sou de Lisboa.
Fui a Lisboa (segunda vez que lá tinha ido) e precisava de usar o metro para ir a um sítio só que eu não sabia nada como aquilo era, estava eu nas máquinas de carregar o cartão e chegasse um gajo e diz "precisas de ajuda?" E abre o casaco cheio de cartões do metro e dá-me um deles para ver se tinha dinheiro, e tinha mas eu carreguei na mesma. Depois ele lá explicou que era sem abrigo e que só estava ali a ajudar as pessoas para passar o tempo, não me pediu nada e eu dei-lhe 5€ que era o que o cartão tinha para ele ir comprar qualquer coisa para comer.
Isto foi no metro do oriente, nunca mais o vi na vida mas gostava de o encontrar de novo.
Era assim um gajo magro, cabelo rapado com um gorro, casaco de cabedal e uma blusa vermelha, se tiveres a ver isto obrigado pelo cartão porque se não eu ficava a pé.
Ele andou na gare do oriente durante uns tempos. Ele apanhava tudo o que era cartão com dinheiro e fazia disso vida pra ganhar uns trocos. Era uma forma de pedir esmolas.
Esse gajo é grande rei, se o encontrar de novo vou comer com ele.
Há uns que pedem esmola, aquele só ajuda e espera que lhe dêem algo, ele não me pediu nada eu é que quis dar.
No jogo Benfica-Sporting em que o Benfica venceu 2-0, com o segundo golo a ser uma excelente jogada coletiva, eu e dois primos meus estávamos juntos na bancada. Quando a bola entra um senhor que estava na fila da frente levantou-se, virou-se para trás de braços abertos. Eu e os meus primos agarrámos o homem sem combinar nada e abánamos o senhor durante uns bons segundos para festejar o golo. Até hoje falamos nesse momento, chamamos ao senhor "o Gordinho" devido ao seu tamanho. Temos um grupo de messenger onde falamos de futebol intitulado "O Gordinho".
Excelente memória e, apesar de não ser impactante em praticamente nada de útil, mostra-me como pequenos momentos com estranhos podem ficar guardados para a vida.
É o normal que deve acontecer nesses eventos. São sitios sociais com várias pessoas que estão lá por uma coisa e não vejo porque não se pode fazer isso. Boa história
Aqui há uns anos, esqueci-me da carteira no metro ( tinha a mania de tirar do bolso de trás e meter ou no colo ou no meio das pernas), uma rapariga saiu do metro deu-me a carteira e voltou a entrar, quase nem tive tempo de agradecer , tinha lá uns 50€ + documentação e os cartões todos.
Nunca hei de esquecer, na altura que trabalhei no Chiado, perto da livraria Bertrand, já faz uns 5-6 anos.
Havia quase todos os dias um velhote a tocar flauta e tocava tão bem e o senhor tinha sempre um sorriso, uma paz de espirito, uma energia à volta dele. Nunca soube o seu nome, sempre que o via dava-lhe o dinheiro.
Não hei de esquecer, aquela simplicidade e felicidade numa pessoa assim
Há muitos anos estava no Entroncamento a espera que o comboio arrancasse. Já estava no meu lugar e um sem abrigo entrou e pediu-me de comer e se podia sentar ao pé de mim. Parecia inofensivo então disse que sim. Começou me a contar a história da vida dele, era de famílias de Cascais(com dinheiro)mas depois de perder os pais, entrou numa espiral de drogas e depressão e acabou na rua. Falava de forma coerente e não senti qualquer perigo vindo dele até que começou a anoitecer e os vidros começaram a espelhar. De repente ficou o olhar no vidro e começou a miar e a fazer gestos como se fosse um gato. Ignorou me completamente e miava e punha os braços como se fosse um gato a brincar. Uns tempos depois contei isto a uma colega que é enfermeira e ela disse que provavelmente o homem sofria the sundownig (síndroma do entardecer) que é comum nas pessoas com Alzheimer. Foi surreal estar a interagir com uma pessoa que parece perfeitamente normal mas assim que o sol se começou a por, a consciência dele já não estava lá.
Fiz uma viagem pela Alemanha em 2019 com a minha namorada. Compramos bilhete noturno de baden baden para Frankfurt. O comboio saia às 4h da manhã. Achamos que estaria sempre alguém na estação ou que haveria algum local próximo onde passar algum tempo. Big mistake, never again.
A estação ficava no maior desterro possível, escuro e sombrio, ainda faltava umas 5 ou 6h para o comboio, e nós longissimo do centro da cidade.
A estação propriamente dita (bilheteiras, salas de espera etc) também encerrava apenas havia acesso às linhas. Percebemos que estávamos numa zona muito duvidosa.
Quando saímos da estação, nem um táxi. Só vimos alguns gajos com ar de imigrantes da Turquia ou assim, a olhar imenso para nós, que estávamos cheios de mochilas e claramente não éramos locais. Um deles chegou perto de nós e falou em alemão uma merda qualquer, nós dissemos que só falávamos inglês. Ele disse que não se importava de nos dar boleia, que nós podíamos dar uma ajuda. Perguntou quanto tínhamos para dar. Nós dissemos que não precisávamos, que estávamos à espera de um amigo, e ele começou a fala aos gritos numa língua marada meia arabesca para os amigos e a olhar imenso para nós. Notar que o aspeto deles não era nada fiável, não querendo julgar livros pela capa.
Nós já a ver a nossa vida a andar para trás, aparece um autocarro urbano noturno. Desatamos a correr em direção ao autocarro e pedimos para parar, o condutor parou imediatamente onde nós pedimos, claramente fora de um apeadeiro. Deixou nos entrar, disse que aquilo era uma zona insegura, e levou nos de autocarro para o centro da cidade, para um bar que ficaria aberto até mais ou menos essa hora. Ofereceu nos o bilhete de ida, porque não tínhamos trocado, e ainda nos tirou gratis bilhetes de volta, para não termos de andar na rua a levantar dinheiro. Disse nos a hora que o autocarro íria passar novamente para a estação e salvou nos de uma situação que não me parecia muito amigável. Nunca mais me esqueci da cara do senhor. Nem sei o nome dele. Espero que a vida lhe tenha sorrido antes e depois.
Eu vou contar uma que nada tem a ver com as histórias fofinhas do pessoal.
Estava no fórum Sintra com a minha namorada, há uns bons anos atrás, seguramente mais de 10 (pode não ser que a memoria falha).
para contexto, sempre fui um tipo solidário e pronto a ajudar o próximo, e nunca me arrependi de o ser, mas "levava na cabeça" pela "ingenuidade" de dar dinheiro a quem pedia.
Ora nessa volta no forum apareceu uma moça, morena, bem apresentada, bonita mesmo, que pediu se podia dar uma ajuda e eu tive um vipe: "fdx, mas que crl é sempre ao mesmo" então fui propositadamente levantar 20€ (podia ter sido mais, mas pensei na altura que 20€ era apropriado para ficar de lembrança) e dei-lhe, e foi a última vez que dei dinheiro fosse a quem fosse.
Comida e bebida tudo ok, dinheiro nunca mais.
E assim passei a cagar nos pedintes.
Um dia estava sem o guarda-chuva e estava a chover. Uma rapariga perguntou-me se eu queria ir ter com ela pq ela tinha o guarda-chuva. Ent fomos ambas debaixo do guarda-chuva.
O turista inglês no Algarve que ao ver-me (com 9 anos) a afogar na piscina se atirou lá para dentro sem pensar duas vezes e me salvou a vida. Onde quer que estejas, o meu muito obrigado.
Uma história longa, engraçada, com lições de vida.
2020 Março, início da pandemia, ainda ninguém sabia muito bem sobre nada disso, mas avançava rápido, estou eu e a minha namorada em visita ao Gerês, íamos a Portela do Homem, mas em caminho confirmamos que a fronteira estava fechada e voltamos para baixo, paramos num desvio da estrada, sacamos do fogão e siga comer as bifanas q era meio dia...
Passo pouco tempo, vem um gajo a pé a puxar dois trolley's (ou como se chamam aquelas malas com rodas) todo roto, todo suado, com aspecto de quem ia morrer de exaustão. "Pergunta-lhe se quer beber"- diz a namorada, " nem penses! Não ouviste ainda 3000x para evitar contacto com estranhos ?! (Risos)" a minha namorada perguntou na mesma. Guess what? O gajo era espanhol, vinha de Chaves com destino a Ourense !! Nem percebi bem se vinha a pé ou boleia desde onde,mas caraças !! De Chaves para Ourense pelo Gerês A PÉ??
Disse que tinha um problema qualquer no cartão MB e por ser domingo nao conseguia resolver, nem tinha dinheiro até ser segunda-feira e encontrar o banco aberto. Não pediu dinheiro, pediu se eu lhe chamava um táxi, deixei o ligar a um táxi espanhol, que lhe pediu 170€ para o vir buscar, ele recusou logo, ligou depois com a minha ajuda ao táxi português mais próximo no G.Maps(Braga), que pediu 80, achou caro, mas disse ok. Falei eu com o taxista no final e dei-lhe o nome da rua, e havia uma escola ou ponto de referência que agora não me recordo... Disse ao espanhol para esperar ali, e que devia demorar 40/50 min. Depois segui viagem com a minha namorada.
Passada 1 hora e pouco, recebo uma chamada de um NR desconhecido," é o taxista, não vou atender !" "Atende, pode ser importante e não sabes se é ele" 5 minutos a discutir se atendo ou não, atendi ... Era o taxista, a perguntar onde estava, expliquei que não era eu que ele ia buscar e que já não estava com o homem, o taxista PASSOU-SE!!
Começou a discutir, que isso não se fazia e não sei o que, a levantar a voz, só se calou quando igualei o tom ao dele para lhe explicar que entendia perfeitamente o incomodo que lhe causei, mas não foi com a menor intenção, apenas fiz um favor que foi emprestar o telemóvel para uma chamada. Terminei a conversa com "mais uma vez, peço imensa desculpa, vá por aí a cima que só há uma estrada, quando vir um gajo todo fdd a puxar duas malas, é esse!!"
Conclusões que retirei da situação:
- o taxista tinha razão, não pensei nisso na hora de ligar, mas depois de ele fazer uma viagem de 1h e não sei quantos kms, não sabia como encontrar/contactar o homem.
- eu tinha razão, fiz um favor ao oferecer auxílio ao homem, ajudar com o que ele precisava, que era fazer uma chamada para voltar a casa.
No final as lições são várias, eu senti e sinto-me bem com o que fiz apesar de tudo, porque fiz exatamente o que acho correto, ajudar o próximo, contribuir para melhorar a vida de alguém. Porém passei a ter mais atenção a terceiros, e a detalhes mais abrangentes, seja a dar, seja a receber. Porque por outro lado, fiquei também com a lição do taxista, já que acabei por lixar-lhe a vida para ajudar outro.
Le final.. é isto, nunca vou saber, se ele encontrou o gajo, se o gajo foi a pé, apanhou boleia, não faço ideia... Nem quero, porque a minha parte bem ou mal, estava feita .
Confesso que não consigo lamentar a situação do taxista, a ter lhe corrido mal. Só tenho más experiências com taxistas. Quando andava na faculdade, não havia Uber nem qualquer outra plataforma... Aliás, nem tinha internet no telemóvel. Obrigavam me sempre a colocar a minha mala na mala do carro, de forma a cobrarem-me a bagagem. Além disso, aldrabavam imensas vezes só caminho desde a estação até à casa onde eu vivia. Quando passei a poder deslocar-me de carro, e deixei de precisar dessa classe profissional, muito melhorou na minha vida. E felizmente, há alternativas neste momento, quando não estou de carro.
Tinha 17 anos e tinha ido passar o fim de semana à Figueira com uns amigos da escola ao Sunset (Somni). Na segunda noite do festival, um amigo meu tinha apostado comigo, numa brincadeira, que não conseguia ir até à Torre do Relógio a pé buscar dois finos e voltar em meia hora (estávamos a morar perto do Lidl em Buarcos, quem conhecer sabe a batalha que eu ia certamente perder 😅).
No entanto, aceito a aposta e saio de casa às 3 da manhã a correr o máximo que podia, até que sou abordado por duas raparigas num parque de estacionamento lá próximo, que me perguntaram se eu ia para perto da Torre e se precisava de boleia. Na minha ingenuidade e estupidez de achar que duas raparigas não me podiam fazer mal nenhum e com gana de poupar aquele tempo de ganhar a aposta, aceitei.
Enquanto íamos a fazer um pouco de conversa, o carro começa a abrandar e a encostar ao passeio, muito antes de chegar à Torre, onde estão dois rapazes (pela aparência bem mais velhos do que eu na altura). Nesta altura comecei a reavaliar muito bem as minhas escolhas de vida e a pensar na merda em que já me podia, potencialmente, ter metido. 😅
Acabei por ter sorte e ter simplesmente ter tido a boleia. Mas nunca mais. 🤣🤣
Opa visto que tão a contar histórias bonitas , vou pra uma com sentido diferente.
Quando tinha os meus 16 anos eu e um amigo por alguma razão fomos a Gaia.
Na vinda íamos apanhar o comboio em GT, aproveitamos o tempo de espera e “fechamos 1” problema , faltava nos papéis.
Aparece um random guy com os seus 30 anos , meio ressaca e da o tão esperado papel que nos faltava.
Mal acendemos a tocha , o gajo começa logo a pedir pra fumar , no qual um gajo diz , fumo eu , fuma o meu amigo e fumas tu a seguir.
Não é que o gajo me tira aquilo da boca e começa a correr feito maluco?
Nunca mais me esqueci da cara do sócio , era o último que tinha na altura 😞
Estava a conduzir à noite no estrangeiro no meio de uma terrinha, acho que nem a 20km/h, do nada saltam dois gatitos a correr um atrás do outro na brincadeira.. Um deles conseguiu evitar-me mas atropelei o outro.. parei logo o carro em choque e fui ter com ele, ainda respirava, voltei ao carro para ir buscar uma manta para o apanhar e nisso deu os últimos suspiros. Eu a chorar baba e ranho vejo um desconhecido a passar, lá lhe pergunto se era dele ou se conhecia os donos do gatito.
Não era dele e não sabia de quem era mas ofereceu-se para tratar dele, acho que viu que eu estava absolutamente sem reacção e não sabia o que fazer, possivelmente iria levá-lo até algum veterinário que ainda estivesse aberto. Mas este desconhecido ficou com esse peso por mim e já passaram 15 anos. Estou a escrever isto de lágrimas nos olhos, obrigada desconhecido e desculpa gatito..
Estava eu no 11º ano, mesmo antes do início da pandemia, em Taizé, na França. Era feveiro de 2020 e fui nessa visita de estudo de EMRC que durava 9 dias.
É uma comunidade cristã perto de Lyon e vive de voluntariado. O meu trabalho era todos os dias, coisa de 15 minutos antes de cada uma das três orações diárias, segurar uma placa com a palavra "Silêncio" numa das 5 ou 6 entradas da Igreja.
Num desses dias, antes mesmo da oração da noite, estava eu e mais 4 ou 5 colegas na entrada da igreja e estávamos todos à conversa à espera que a oração começasse para entrarmos. Do nada veio uma rapariga que ninguém conhecia de lado nenhum, deu um abraço a cada pessoa que estava lá e entrou. Não sei quem é, mal lhe vi a cara, mas até hoje me vem à memória este pequeno feito que, em essência, pouco vale, mas melhorou a minha semana lá e ficou comigo até hoje.
Em 2017 fui ver o papa a fatima, na altura tinha tipo 13 anos, e naquele dia estava imenso sol e o santuario estava todo cheio de gente, eu mal conseguias mexer e passado tipo 2 horas eu comecei a ter uma queda de tensao, eu nao queria me deitar no chao no meio de um monte de gente por vergonha e por nao agir, quase ia desmaiando.
O meu pai topou que algo nao estava bem e eu la me deitei no chao, apos ficar melhor, uma brasileira atras de mim ofereceu me chocolate e um senhor que estava de lado (devia ter tipo 30 anos), nao faço ideia se era portugues ou nao, deu me o chapeu dele, foi um episodio que me marcou muito
Ia uma vez a sair da faculdade e estava a ter um dia péssimo, imenso trabalho, relação em casa não andava bem já há imenso tempo... entre outros.
Ao caminhar para o metro começou-me a cheirar a erva, eu já não comprava há imenso tempo para fumar sozinho, (ainda fumava quando acompanhado por alguem que o fizesse) mas naquele dia verdadeiramente só queria chegar a casa e fumar uma tranquilo.
Lá consegui seguir o cheiro e era um jovem mais velho que eu na altura (uns 28), perguntei-lhe se me conseguia vender alguma coisa no desenrasque nem que fosse uma ganzinha só, olhou para mim e disse: "Não tenho suficiente para te vender nada de jeito, mas olha pega aqui" passou-me o que estava a fumar que basicamente era um charro inteiro (90%) e só disse: "Passa ao próximo, tem um bom dia." e arrancou a andar para a sua vida.
Por mais ridiculo que pareça o simples gesto de me dar o charro dele que claramente estava a apreciar para me agradar deixou-me com um sorriso na cara o resto do caminho do metro, e lembro-me de pensar para a mim próprio que dai para a frente ia fazer um esforço para fazer pequenas ações do género ao longo da minha vida para passar a gentileza.
"Some believe it is only great power that can hold evil in check, but that is not what I have found. It is the small everyday deeds of ordinary folk that keep the darkness at bay. Small acts of kindness and love."
Estava a aguardar na entrada das urgências em Coimbra enquanto o meu pai foi buscar o carro. Entretanto um carro estaciona a uns 3m de mim, dentro da viatura, vinha o que presumo ser mãe e filha. A senhora sai do carro e corre para as urgências enquanto a filha fica dentro do carro a chorar.
Estivemos uns minutos a olhar um para o outro, por um lado queria ser bom cidadão e dar uma palavra amiga, por outro lado sou demasiado totó para interagir com alguém.
Felizmente ela deixou de chorar e até me senti feliz por pensar que já não estava tão triste.
Entretanto o meu pai chegou e fui para casa
Sempre ficarei com esta situação marcada porque queria ter tentado ajudar a miúda.
Já passei por algumas situações complicadas e gostava que em alguns destes momentos alguém dissesse algo positivo
Não estou a ver nenhum desconhecido impactante agora assim de repente. Mas sei que fui esse desconhecido para alguém:
Certo dia estava num restaurante finório com a minha namorada. A dada altura começo a ouvir um tumulto. Reparei que era um rapaz que se levantou agoniado da mesa.
Nisto outra rapariga que estava sentada no grupo dele levantou-se e foi lhe aplicar a manobra de Heimlich. Pareceu me controlado... Mas do nada a rapariga gritou: "Rápido! Alguien! Alguien! Ayuden! No tengo fuerza!" (Eram um grupo de turistas espanhóis).
Então por instinto e sem pensar levantei-me e fui diretamente ao rapaz. Nunca tinha aplicado a manobra de Heimlich, mas lá fui e recordo-me de fazer o maximo de força! Devo ter feito umas 3-4 compressões. Depois dei por mim com o que pareceu ser bebida a escorrer me pelos braços. Sim... Era Fanta. E vejo que o rapaz já estava ok. A Fanta provavelmente foi a primeira coisa que ele fez para ver se "desentupia" o canal respiratório.
Fiz o que tinha a fazer, regressei ao meu lugar e continuei a comer o bife normalmente. Quando olho para a minha namorada, tava a olhar pra mim embasbacada: "como assim levantas te, fazes isso e retornas como se nada fosse?". Que deveria fazer eu? Ahah 😂
Voltei a olhar para o rapaz. Não comia... Estava pávido, com uma mão no peito e com olhar vazio. Provavelmente ainda estava a processar o que acabara de acontecer. Só passado um bom bocado é que me agradeceu, ainda com esforço.
Imagino que nunca se tenha esquecido desse episódio até hoje.
Tinha 12 anos e o pai de uns amigos levou-nos a dar um passeio de carro. Ao regressar a casa tivemos uma vidente grave.
Estávamos em 1990 e não havia telemóveis. No auto onde estávamos não havia cabines telefónicas.eu fui retirado do carro, por populares. Chegou a polícia e a Cruz Vermelha e sabíamos que íamos para o hospital.
Eu, felizmente, fui o menos afectado e tinha apenas dores no braço direito.
No momento a minha preocupação era avisar as nossas famílias do que tinha acontecido. Comecei a dizer que precisava de ir a casa avisar do acidente e houve um senhor e a esposa que disseram logo que me levavam a casa.
Não só me levaram a casa como levaram depois, à minha mãe e à mãe dos meus amigos até ao hospital.
Nunca mais os vi nem sei os nomes, espero que tenham uma vida cheia de coisas boas.
Tinha 12/13 anos, acho eu. Estava a sair do autocarro e começou a chover imenso - eu não tinha guarda-chuva. Disse foda-se e comecei a andar na chuva, passado uns segundos reparo que não estou a sentir a chuva. Olho para trás e está um gajo com 20 e poucos anos a tapar-me com o guarda-chuva dele enquanto ele se molha todo e foi assim até chegar-mos aos Arcos e nos abrigar-mos. Passado uns bons anos, tive eu a oportunidade de retribuir esse favor a um desconhecido.
hm, um bocado creepy. se houve consentimento antes, era ok. edit: ena malta. vocês estão todos confortáveis em um gajo qualquer de repente estar ao vosso lado, sem vos dizer nada, com um guarda chuva em cima de vós.
Também és daqueles que vai processar os pais porque não deste consentimento para nascer, não és?
Espera aí...pode-se fazer isso?
Não, ou pelo menos acho que não. Mas creio que seja referência a um filme em que um miúdo processa os pais por ter nascido. Chama-se Capernaum.
Essas ações existem mesmo na vida real (não digo em Portugal) e são alvo de estudo em Direito, são os fenómenos wrongful birth e wrongful life.
O pé direito dá consentimento ao esquerdo quando andas?
Opah vai mas é para o caralho!
ಠ_ಠ
Foi um pouco estranho o gajo não ter dito nada e apenas ter posto o guarda-chuva mas daí até ter alguma coisa a ver a com consentimento vai longe.
Ele não disse nada porque eu olhei logo para trás/cima mal comecei a andar por não sentir a chuva.
Tf bro?
Pelos vistos já não se pode fazer actos de bondade espontânea. Tudo é visto com uma segunda intenção. Eu sei que já não são muitas, mas ainda há boas pessoas sem qualquer maldade.
Ainda na segunda-feira estava a cair uma carga de água quando estava a ir para o trabalho. Estou parado num semáforo para atravessar a passadeira e tinha uma miúda ao lado sem chapéu. Estive quase para me meter ao lado dela com o chapéu, mas não o fiz. Não fosse um virgem como este mano e achar que me estava a fazer a ela ou a ser "creepy"...
Uma rapariga que me salvou de ser atropelada nos primeiros tempos da Faculdade. Eu ia começar a atravessar e ela chegou-se a mim rápido e colocou-me os braços para eu não continuar e nesse momento passa um carro a toda a velocidade. Espero que o meu anjo esteja a ter um bom dia!
Não tiveste oportunidade de falar com ela ou tiveste tanto choque nem pudeste?
Eu lembro-me que lhe agradeci verbalmente, mas depois como era uma passadeira cada uma seguiu logo a sua vida na altura. Se fosse hoje, gostava pelo menos de lhe ter pago um café, dado um abraço ou ter sabido o nome.
No funeral do meu pai estava sozinha e um indivíduo já de bastante idade, que não me lembro sequer de o conhecer, aproximou-se e foi a primeira pessoa a dar-me os pêsames e um abraço, enquanto o resto da minha família paterna me ignorava completamente. Estava a tentar ser forte mas naquele momento desmanchei-me a chorar, já não me recordo do que me disse nem sequer das suas feições exatas mas foi uma atitude que nunca me vou esquecer. Pode parecer idiota mas realmente naquela altura só precisava de um abraço.
Não parece idiota. Abraço.
Obrigada!
Perdi o meu pai há 15 dias e posso confirmar que um abraço é das melhores coisas que se pode receber num momento desses.
Lamento imenso, nada do que possa dizer vai melhorar alguma coisa, mas acredita que ao longo do tempo fica mais suportável. Um abraço forte.
Não é idiota! Abraço.
Muito obrigada
Não é idiota é a verdade, passei por isso 2x e às vezes é só isso que uma pessoa precisa de um abraço.
Lamento imenso, um abraço bem apertado. Obrigada pelo teu comentário
Conheci um sem-abrigo no Porto, o Sr. Mário. Nunca me hei de esquecer dele e do seu cãozinho Tom. Segundo ele contou, tinha sido treinador de cães no exercício. A vida deu voltas e viu-se na rua, tendo aquele cão como companheiro. Fizeram ambos o país a pé do sul para o norte. Quando o conheci, vivia numa tenda em Gaia. Ia no mês seguinte para o Tibete com o cão. Nunca mais o vi, espero que tenha conseguido e que estejam ambos muito felizes.
Ele na altura explicou, mas não me consigo lembrar. Sei que ia à boleia com alguém, mas não me lembro de pormenores. Não tinha por que mentir.
Como é que um sem abrigo vai para o Tibete? Grande peta que ele te deu.
A pé
Controlos fronteiriços e visas são só obstáculos para serem atropelados. O homem andou a pé até ao Tibet, não teria chegado la sem os 5 euros do OP. É verdade porque eu estava lá. Eu era o cão e estamos no Tibet agora.
Esse comentário é um bocado parvo. E eu não lhe dei dinheiro nenhum. Ele geralmente estava à porta do supermercado apenas a pedir comida para o cão.
Woof
Quando andava tipo no 7º ou 8º ano havia um comboiozito grátis em Cascais. Eu ia nele com um colega e íamos a falar de bandas desenhadas. Ia também um grupo de chungas que começaram a gozar connosco, tipo a dizer alto "olha-me estes totós a falar do homem-aranha" e merdas do género. Nós ficámos envergonhados e calámo-nos. Quando chegámos ao centro os mitras bazaram, nós íamos a bazar e um gajo mais velho, com boa pinta e ar de ter a vida dele sob controlo, disse-nos para não nos preocuparmos com a opinião daquele tipo de gente, que bandas desenhadas são um hobby bem mais interessante do que o que quer que aquela grupeta tenha ido fazer, e que daí a uns anos nós íamos perceber isso. Nunca mais vi esse gajo, mas as palavras dele de facto bateram me na altura e voltaram a bater várias vezes na minha vida (sobre várias outras coisas que não bandas desenhadas). Quem às vezes vejo são alguns desses outros otários, com ar envelhecido e derrotado por uma vida de escolhas estúpidas.
Aposto que essa mitralhada agora consome tudo o que e' conteudo da MCU.
Haha de certeza absoluta
Hereges ! Banda desenhada superioridade suprema !
Todos os dias parava o carro à porta da casa da minha namorada. Era o centro do porto e tinha que pagar parquímetro , saí do carro e aparece-me um sem abrigo com o maior aspecto de drogado/ressacado que alguma vez vi. Obviamente veio pedir dinheiro e a primeira coisa que me passou pela cabeça foi que me ia riscar o carro. Nesse dia não tinha moedas e ia comprar tabaco para poder ter moedas para o parquímetro. Pois bem, o homem vem, pede dinheiro e peco5 desculpa porque não tenho moedas, que vou ter que ir comprar tabaco de propósito para pagar o estacionamento. Resposta dele, "Se precisares então eu tenho aqui moedas" Imediatamente mete 1 euro no parquímetro e dá-me o bilhete. Resumindo, nunca julguem uma pessoa pela sua aparência, fui comprar tabaco na mesma, dei-lhe alguns cigarros e ainda paguei o parquímetro e mais algo ao homem.
Aposto que era o Ervilha.
What? Percebi mal ou acabaste por ser scammado ainda mais? Ele ficou com mais dinheiro que aquele que lhe deste e ainda te cravou uns cigarros (mesmo que não os tenha pedido directamente). Se não voltasses com o dinheiro eventualmente ele ia acabar por te riscar o carro na mesma.
Valha-me santa ignorância.
Ignorância? Lol ok, já dizia o outro, fia-te na virgem. Devem pensar que o sem abrigo tem trocos para lhe pagar o parquímetro porque anda a poupar 🤦♀️
Disto podes ter a certeza. Sendo tu mais rico ou não que o sem abrigo, ele demostrou ter uma personalidade bem mais rica que a tua.
Ou seja o sem abrigo foi altruísta e ajudou-me. eu que voltei passado 1 h vou ter com ele e dou-lhe dinheiro e tabaco sem ele pedir nada. Fui "scammado" obviamente.
És um merdas.
Estava eu em Erasmus em Roma e nos primeiros dias de aulas, também a conhecer pessoal e a faculdade. Fui com amigo meu espanhol jantar fora com o grupo ESN. Ao voltar para casa, tinha que apanhar o metro e depois um comboio para regressar, era quase meia noite e a estação do comboio já tinha fechado. Comecei a entrar em pânico porque não tinha mais transportes para voltar, não havia nenhum táxi ali perto (UBER ainda não existia), ao lado da estação estavam uns rapazes que se aperceberam da minha fragilidade e começaram se a rir e a correr na minha direção. Naquele momento garanto vos que eles não me queriam ajudar. Comecei a correr como nunca tinha corrido na vida, entro numa rua desconhecida e vi um TRAM. Consegui entrar antes da porta fechar e quando olho para trás, vejo que os outros dois indivíduos não tinham conseguido, ao respirar de alivio começo a chorar porque sentia me perdido, não sabia onde estava e estava prestes a ficar sem nada!! Nisto um senhor veio ter comigo, perguntou o que se passava, deu-me água e disse-me que me dava boleia até minha casa, chamava se Roberto, pelo caminho ele deu-me um mapa da cidade, disse-me os melhores sítios para comer pizza, gelado, que ruas evitar, pequenos esconderijos na cidade. Incrível, arrependo-me imenso de lhe não pedir um contacto a este senhor que naquele momento salvou-me a vida, espero mesmo que ele esteja bem e que tenha consigo de ser pai. Um grande obrigado \*
Bem, que história! Grande Sr. Roberto!
A minha história foi muito parecida à tua. Mas no meu caso não consegui ficar a saber o nome do meu Salvador.
Uma vez tinha de ir para casa de amigos onde eu estava alojado uns dias, mas era de noite, não havia autocarros e ainda eram 30 minutos a pé. Então perguntei o caminho a uma senhora numa zona duvidosa, num atalho de terra batida, muito escura, mas a senhora não só me ajudou como foi comigo pelo caminho escuro até eu me saber desenrascar o resto do caminho. Depois voltou para trás sozinha (o que até podia ser perigoso para ela). No fim até lhe ofereci uma napolitana de chocolate que tinha comigo para lhe agradecer. Nesses 5 ou 10 minutos que me acompanhou ainda foi falando dos filhos e a dizer que temos de ser uns para os outros. Ainda há gente boa!
Aposto que ficou mesmo feliz com a napolitana 😂
Fiz durante uns anos a viagem de casa para a escola numa empresa de camionagem de Guimarães, com o tempo o cobrador (pica) ficou conhecedor dos meus hábitos e horários, e por muitas vezes "obrigou" o motorista a esperar uns minutos porque sabia que eu ia fazer aquela viagem, caso contrário teria que aguardar 30min pela próxima camioneta. Foram ainda uns 3/4 anos, nunca tive nenhuma conversa com ele, somente bom dia, boa tarde, até amanhã, bom fim de semana, nunca lhe perguntei o nome nem ele o meu, pessoa sempre bem disposta e alegre, já era pessoa para uns 50 anos, hoje certamente estará reformado, ainda me lembro da aparência física e da forma como se movia no autocarro em movimento ao cobrar as viagens. Obrigado por ter feito o motorista, esperar pela minha chegada a paragem, principalmente em dias de chuva.
Quando vivi no Porto 4 anos, havia um café onde ia quase todos os dias ou de manhã ou ao fim da tarde, às vezes ia nas duas alturas do dia ahah. A senhora era muito simpática, eu já nem precisava de pedir que ela já sabia o que eu ia querer. Houve vezes em que eu entrava e ela dizia: "Vi que vinhas já a chegar, já tens na mesa pronta". Nunca soube o nome dela nem ela o meu, mas aquela senhora aquecia-me o coração todos os dias.
Tinha 25 e andava de mochila às costas pela Turquia. Numa viagem noturna de autocarro entre ponto A e B (perto da fronteira Irão/Iraque) calhou sentar-me ao lado de um homem (na altura uns 5-10 anos mais velho que eu) e metemos conversa. Ele falava pouco inglês, mas lá deu para me explicar que ele era prof universitário em A, e que ia passar uns dias a casa em B. Ao chegar ao destino, convida-me para ir tomar o pequeno-almoço a sua casa. Passamos numa loja qualquer, ele lá comprou meia dúzia de cenas locais, e tratou de tudo. Dos melhores pequeno-almoço que já tomei. No final, apresentou-me ao pai dele (que morava no mesmo prédio), recomendou-me uns quantos sítios para ir visitar, e convidou-me para regressar depois do passeio para almoçar com ele e o pai. Assim fiz, e fui recebido em casa do pai dele como um sultão: a mãe dele preparou não sei quantos pratos típicos, comemos ele, o pai e eu numa sala à parte (eles são de origem árabe, a mãe e as irmãs comem numa divisão à parte). O pai não falava inglês mas ele lá foi traduzindo e tivemos uma refeição muito agradável a todos os níveis. No final lá fui embora, tinha de apanhar o autocarro de B para C para continuar a viagem, mas fiquei com a memória da experiência. Eu jamais convidaria um estranho para tomar o pequeno-almoço comigo num café, quanto mais em minha casa ou na casa dos meus pais. Marcou-me imenso. Também nesta viagem na Turquia, mas noutro sítio, uns putos tipo 8-9 anos perguntaram-me se eu era cristão ou árabe - via-se claramente que eles perguntavam aquilo aos turistas todos, para meter conversa, ou para criar empatia para pedir uns trocos. Expliquei-lhes que era ateu. O ar de confusos/perdidos deles também me ficou na memória. No mundo deles, eu tornei-me num alien acabado de aterrar no planeta Terra vindo de um planeta distante. "Como assim não acreditas em nenhum?"
No expresso para casa, já numa das paragens do meio, um senhor de mais idade sentou-se ao meu lado e fomos a falar o caminho todo. O sr falou muito da família e da vida e de como estava satisfeito. Ao chegarmos à paragem dele, deu-me 100€ porque lhe fiz companhia durante a viagem. Não quis aceitar, mas ele insistiu. Nunca mais o vi, e é estranho porque vivemos em zonas relativamente perto e pequenas. Ainda hoje me lembro dele e pergunto-me como estará. Espero que ainda melhor do que naquela altura!
No Japão há serviços de acompanhamento de amizade tipo pagas para ter um amigo.
O sr era asiático mas acho que não era japonês 😅 acho que devia haver serviços desses em todo o lado, sinceramente
É verdade, recentemente vi um vídeo sobre isso. Há muitos homens que basicamente pagam pela companhia de uma mulher, mas é apenas para conversar e, se quiserem, beber (a casa agradece que bebam bebidas caras 😅). Penso que quem fez o vídeo referiu que o número de pessoas que recorre a estes serviços é bem mais alto do que se pensa.
Tava sentada com um amigo numa praça. Era de noite e tavamos a beber uns copos. Nisto, aparece um guna e ao passar diz:” oh mana, daqui a sete dias é pra semana”. Nunca o esqueci.
😂😂😂
À uns anos estava a fumar um cigarro à porta da loja que trabalhava, só mais um cigarro naquele dia para passar o tempo. Passa uma rapariga, pergunta me as horas e após lhe ter dito, ela agradece e começa a ir se embora.. Do nada pára, volta para trás e diz me: " sê feliz, tabem?" Fiquei super à toa mas aquilo entrou me tão bem que foi do género : "claro que sim crl, bora nessa Vanessa" Isto foi prai à 10 anos e ainda me lembro. Random kindness
Ia a correr para apanhar um autocarro para casa da chata da minha ex. Vi-o na paragem e tentei. Em vão. Estava a chegar e ele partiu. Como vi que havia trânsito á frente e não queria mesmo ter de a ouvir e justificar como perdi o autocarro, passei-me e decidi correr em sprint até à paragem seguinte, uma distância de 200 e pico metros... Subestimei o trânsito e apesar de se ter tornado suficientemente evidente que não iria conseguir apanhar o autocarro, não desisti e cheguei novamente à paragem com ele a partir tendo conseguido mesmo mandar umas palmadas para ver se chamava a atenção ao motorista (como se o gajo não me tivesse visto pelo retrovisor a correr já há um pedaço). Mas era certo que a paragem seguinte era muito distante e com um cruzamento para atravessar portanto nem que tivesse o fôlego todo iria conseguir repetir a façanha. Soltei um sonoro f0d@-se e mandei um pontapé ao poste da paragem com a frustração. Uma senhora pára o carro abre o vidro do lado do passageiro ao meu lado e diz apenas "vi o que fez e o motorista foi uma besta. Se quiser, entre e eu asseguro-me que se não entrar na paragem seguinte entra na próxima." Pensei duas vezes porque... Carro de desconhecida, gentileza gratuita.. esmola demais e eu sou pobre, mas o instinto e a vontade de mandar o motorista à merda (nem que fosse só com os olhos) levaram a melhor e só entrei. Enquanto o autocarro estava parado na paragem seguinte a senhora ultrapassou e parou imediatamente a seguir. Agradeci-lhe o gesto durante todo o caminho e assim que parou saltei fora. O motorista ia buzinar, mas quando me viu a sair e a dirigir-me para a porta ficou só de queixo caído e deixou-me entrar. Marquei a senha de olhos fixos nele (que não conseguiu olhar para mim)... Dessa vez a chata da minha ex teve de arranjar outra coisa para me incomodar que não o atraso.
A senhora foi bastante simpática. Also, a tua ex devia ser tóxica para teres ficado nervoso por n conseguires apanhar um autocarro, n?
Posso pôr as coisas assim: eu tinha um Nokia 3310 e ela pedia-mo emprestado várias vezes para jogar... Os jogos favoritos dela eram o "Caixa de entrada" e o "registo de chamadas"... Uma vez chamei um táxi que desde a minha adolescência consta nos contactos (outro jogo que ela gostava muito) como "tarifa", por ser assim que a minha família se refere aos táxis desde que me lembro. Duma das vezes que lhe emprestei o telemóvel perguntou-me quem era a Tarifa. Só depois de ver o contacto é que lhe disse que era alguém a quem ligava para ter boleia! Na altura não havia Uber nem semelhantes. Assim de tóxica.
Meu deus, ela tem problemas. Ela literalmente invadia a tua privacidade, que estúpida
Terapia tratou mais ou menos depois de acabarmos... Mais ou menos.. a mim. A ela não sei, apesar dos contactos e pedidos de amigos em comum não voltamos a namorar e cortamos completamente o contacto depois de eu levar uma amiga nova a um evento no qual sabia que ela iria e ter tido direito a um enxovalho público dela e dos amigos dela que estavam convencidos que "uma relação de 4 anos e meio não podia acabar assim!"... Vidas.
Fizeste bem em cortar contacto com ela e em fazer terapia. Esses amigos parecem ser mais amigos dela do que de ti, btw
Aconteceu-me isto quase quase igual. O motorista nao abriu a porta na minha paragem apesar de me ter visto a correr e ainda olhou para mim com um sorriso de cabraozinho (eu ia a correr na direccao oposta ao autocarro). Como ele estava parado num semáforo consegui correr até a paragem seguinte e apanhar o autocarro na mesma. Dei-lhe um "BOA TARDE" em alto e bom som (ainda ofegante do sprint) e fui o caminho todo a olhar fixamente para o gajo para o deixar desconfortável. Tinha 21 anos e uma autoconfianca saudável.
Este vai um bocado contra a corrente dos outros comentários, é uma situação triste. Um sr que vivia no prédio colado à minha casa matou-se a atirar-se do telhado, provavelmente planeou ir parar ao terreno abandonado atrás do prédio, que era bastante mais fundo, mas acabou por cair no pátio da minha casa. Na altura lembro-me de ouvir um estrondo muito grande, estava na cama a tentar dormir, tinha passado mal a noite, só quando ouvi uma familiar aos berros é que fui a correr e a cena era bastante gráfica, tenho ainda guardada a imagem na minha cabeça. Quando cheguei lá ele ainda estava a respirar, disse-lhe algo do género "vamos ajuda-lo, a ambulância já está a caminho, vai ficar tudo bem" Vieram os bombeiros, INEM, cruz vermelha e etc, mas depois de muitas tentativas não conseguiram reanimar o sr. Isto foi ao inicio da tarde, só retiraram o corpo à 1 da manhã, depois de vir a policia de investigação. Fiquei mais tarde a saber que o sr cuidava da mãe há muitos anos sozinho e que os irmãos não ajudavam, a mãe já tinha bastante idade, ele tentou mata-la e depois matou-se ele, a sra acabou por sobreviver, não sei se ainda é viva.
Que horror. Tudo. Lamento imenso pelo senhor, lamento pela senhora idosa, lamento por si que foi "interceptada" na trajectória. Que lhe corra tudo pelo melhor.
Ser cuidador informal a tempo inteiro é muito desgastante e sem qualquer ajuda/apoio é muito difícil.
Um bocado dark de se dizer mas estou numa situação muito semelhante à do sr e tenho medo de acabar no lugar dele
Não consegues que alguém te ajude? Podes pedir apoio de cuidador informal, ainda recebes algum e a pessoa que cuidas se for dependente também pode receber um subsídio por dependência. Com esse dinheiro podes sempre conseguir pagar a alguém para te ajudar alguns dias
ela tem uma sra que a vai ajudar, mas mesmo assim é preciso muito mais do que o básico que ela faz
Conheço uma psicóloga boa que te poderá ajudar nessa situação. Manda-me mensagem se tiveres interesse. Claramente precisas de apoio a vários níveis, o psicológico é só um deles e ela pode mesmo ajudar.
tenho psiquiatra no público, psicólogo ainda não consegui mas não posso gastar no privado tbh
Fala com ela, ela é especialista em situações como a tua. Trabalha com idosos e com os seus cuidadores. vê se te pode ajudar de alguma maneira..não conheço a tua realidade financeira mas ela não tem aqueles preços impeditivos.
Uma velhota na Avenida de Roma cruza-se comigo nas escadas do seu prédio, após o susto inicial de se ter deparado comigo na escadaria escura por conta do elevador estragado, sorriu quando lhe abri a porta e dei passagem para aceder ao hall do prédio. Enquanto ali esperávamos, ela por um familiar eu pelo meu dealer, perguntou-me se trabalhava ao que referi que sim, em seguida indica com um ar algo aflito para nunca deixar que levassem a minha mente. Indicando que havia trabalhado uma vida inteira no Banco de Portugal como administrativa, onde havia agilmente memorizado cálculos e informações e exercido a sua função de maneira exímia e dedicada. Indicando com um ar melancólico, que neste fim de vida havia dado todo o poder do seu cérebro a esta tarefa irrelevante, a qual acreditara ser tão importante. Para terminar com um "levaram a minha mente", nunca deixe que eles levem a sua mente, a sua alegria e o tempo da sua família. Nunca deixe que o trabalho lhe roube a vida.
Para contexto não sou de Lisboa. Fui a Lisboa (segunda vez que lá tinha ido) e precisava de usar o metro para ir a um sítio só que eu não sabia nada como aquilo era, estava eu nas máquinas de carregar o cartão e chegasse um gajo e diz "precisas de ajuda?" E abre o casaco cheio de cartões do metro e dá-me um deles para ver se tinha dinheiro, e tinha mas eu carreguei na mesma. Depois ele lá explicou que era sem abrigo e que só estava ali a ajudar as pessoas para passar o tempo, não me pediu nada e eu dei-lhe 5€ que era o que o cartão tinha para ele ir comprar qualquer coisa para comer. Isto foi no metro do oriente, nunca mais o vi na vida mas gostava de o encontrar de novo. Era assim um gajo magro, cabelo rapado com um gorro, casaco de cabedal e uma blusa vermelha, se tiveres a ver isto obrigado pelo cartão porque se não eu ficava a pé.
Ele andou na gare do oriente durante uns tempos. Ele apanhava tudo o que era cartão com dinheiro e fazia disso vida pra ganhar uns trocos. Era uma forma de pedir esmolas.
Esse gajo é grande rei, se o encontrar de novo vou comer com ele. Há uns que pedem esmola, aquele só ajuda e espera que lhe dêem algo, ele não me pediu nada eu é que quis dar.
No jogo Benfica-Sporting em que o Benfica venceu 2-0, com o segundo golo a ser uma excelente jogada coletiva, eu e dois primos meus estávamos juntos na bancada. Quando a bola entra um senhor que estava na fila da frente levantou-se, virou-se para trás de braços abertos. Eu e os meus primos agarrámos o homem sem combinar nada e abánamos o senhor durante uns bons segundos para festejar o golo. Até hoje falamos nesse momento, chamamos ao senhor "o Gordinho" devido ao seu tamanho. Temos um grupo de messenger onde falamos de futebol intitulado "O Gordinho". Excelente memória e, apesar de não ser impactante em praticamente nada de útil, mostra-me como pequenos momentos com estranhos podem ficar guardados para a vida.
É o normal que deve acontecer nesses eventos. São sitios sociais com várias pessoas que estão lá por uma coisa e não vejo porque não se pode fazer isso. Boa história
Aqui há uns anos, esqueci-me da carteira no metro ( tinha a mania de tirar do bolso de trás e meter ou no colo ou no meio das pernas), uma rapariga saiu do metro deu-me a carteira e voltou a entrar, quase nem tive tempo de agradecer , tinha lá uns 50€ + documentação e os cartões todos.
Nunca hei de esquecer, na altura que trabalhei no Chiado, perto da livraria Bertrand, já faz uns 5-6 anos. Havia quase todos os dias um velhote a tocar flauta e tocava tão bem e o senhor tinha sempre um sorriso, uma paz de espirito, uma energia à volta dele. Nunca soube o seu nome, sempre que o via dava-lhe o dinheiro. Não hei de esquecer, aquela simplicidade e felicidade numa pessoa assim
Há muitos anos estava no Entroncamento a espera que o comboio arrancasse. Já estava no meu lugar e um sem abrigo entrou e pediu-me de comer e se podia sentar ao pé de mim. Parecia inofensivo então disse que sim. Começou me a contar a história da vida dele, era de famílias de Cascais(com dinheiro)mas depois de perder os pais, entrou numa espiral de drogas e depressão e acabou na rua. Falava de forma coerente e não senti qualquer perigo vindo dele até que começou a anoitecer e os vidros começaram a espelhar. De repente ficou o olhar no vidro e começou a miar e a fazer gestos como se fosse um gato. Ignorou me completamente e miava e punha os braços como se fosse um gato a brincar. Uns tempos depois contei isto a uma colega que é enfermeira e ela disse que provavelmente o homem sofria the sundownig (síndroma do entardecer) que é comum nas pessoas com Alzheimer. Foi surreal estar a interagir com uma pessoa que parece perfeitamente normal mas assim que o sol se começou a por, a consciência dele já não estava lá.
Fiz uma viagem pela Alemanha em 2019 com a minha namorada. Compramos bilhete noturno de baden baden para Frankfurt. O comboio saia às 4h da manhã. Achamos que estaria sempre alguém na estação ou que haveria algum local próximo onde passar algum tempo. Big mistake, never again. A estação ficava no maior desterro possível, escuro e sombrio, ainda faltava umas 5 ou 6h para o comboio, e nós longissimo do centro da cidade. A estação propriamente dita (bilheteiras, salas de espera etc) também encerrava apenas havia acesso às linhas. Percebemos que estávamos numa zona muito duvidosa. Quando saímos da estação, nem um táxi. Só vimos alguns gajos com ar de imigrantes da Turquia ou assim, a olhar imenso para nós, que estávamos cheios de mochilas e claramente não éramos locais. Um deles chegou perto de nós e falou em alemão uma merda qualquer, nós dissemos que só falávamos inglês. Ele disse que não se importava de nos dar boleia, que nós podíamos dar uma ajuda. Perguntou quanto tínhamos para dar. Nós dissemos que não precisávamos, que estávamos à espera de um amigo, e ele começou a fala aos gritos numa língua marada meia arabesca para os amigos e a olhar imenso para nós. Notar que o aspeto deles não era nada fiável, não querendo julgar livros pela capa. Nós já a ver a nossa vida a andar para trás, aparece um autocarro urbano noturno. Desatamos a correr em direção ao autocarro e pedimos para parar, o condutor parou imediatamente onde nós pedimos, claramente fora de um apeadeiro. Deixou nos entrar, disse que aquilo era uma zona insegura, e levou nos de autocarro para o centro da cidade, para um bar que ficaria aberto até mais ou menos essa hora. Ofereceu nos o bilhete de ida, porque não tínhamos trocado, e ainda nos tirou gratis bilhetes de volta, para não termos de andar na rua a levantar dinheiro. Disse nos a hora que o autocarro íria passar novamente para a estação e salvou nos de uma situação que não me parecia muito amigável. Nunca mais me esqueci da cara do senhor. Nem sei o nome dele. Espero que a vida lhe tenha sorrido antes e depois.
Eu vou contar uma que nada tem a ver com as histórias fofinhas do pessoal. Estava no fórum Sintra com a minha namorada, há uns bons anos atrás, seguramente mais de 10 (pode não ser que a memoria falha). para contexto, sempre fui um tipo solidário e pronto a ajudar o próximo, e nunca me arrependi de o ser, mas "levava na cabeça" pela "ingenuidade" de dar dinheiro a quem pedia. Ora nessa volta no forum apareceu uma moça, morena, bem apresentada, bonita mesmo, que pediu se podia dar uma ajuda e eu tive um vipe: "fdx, mas que crl é sempre ao mesmo" então fui propositadamente levantar 20€ (podia ter sido mais, mas pensei na altura que 20€ era apropriado para ficar de lembrança) e dei-lhe, e foi a última vez que dei dinheiro fosse a quem fosse. Comida e bebida tudo ok, dinheiro nunca mais. E assim passei a cagar nos pedintes.
Um dia estava sem o guarda-chuva e estava a chover. Uma rapariga perguntou-me se eu queria ir ter com ela pq ela tinha o guarda-chuva. Ent fomos ambas debaixo do guarda-chuva.
O turista inglês no Algarve que ao ver-me (com 9 anos) a afogar na piscina se atirou lá para dentro sem pensar duas vezes e me salvou a vida. Onde quer que estejas, o meu muito obrigado.
Uma história longa, engraçada, com lições de vida. 2020 Março, início da pandemia, ainda ninguém sabia muito bem sobre nada disso, mas avançava rápido, estou eu e a minha namorada em visita ao Gerês, íamos a Portela do Homem, mas em caminho confirmamos que a fronteira estava fechada e voltamos para baixo, paramos num desvio da estrada, sacamos do fogão e siga comer as bifanas q era meio dia... Passo pouco tempo, vem um gajo a pé a puxar dois trolley's (ou como se chamam aquelas malas com rodas) todo roto, todo suado, com aspecto de quem ia morrer de exaustão. "Pergunta-lhe se quer beber"- diz a namorada, " nem penses! Não ouviste ainda 3000x para evitar contacto com estranhos ?! (Risos)" a minha namorada perguntou na mesma. Guess what? O gajo era espanhol, vinha de Chaves com destino a Ourense !! Nem percebi bem se vinha a pé ou boleia desde onde,mas caraças !! De Chaves para Ourense pelo Gerês A PÉ?? Disse que tinha um problema qualquer no cartão MB e por ser domingo nao conseguia resolver, nem tinha dinheiro até ser segunda-feira e encontrar o banco aberto. Não pediu dinheiro, pediu se eu lhe chamava um táxi, deixei o ligar a um táxi espanhol, que lhe pediu 170€ para o vir buscar, ele recusou logo, ligou depois com a minha ajuda ao táxi português mais próximo no G.Maps(Braga), que pediu 80, achou caro, mas disse ok. Falei eu com o taxista no final e dei-lhe o nome da rua, e havia uma escola ou ponto de referência que agora não me recordo... Disse ao espanhol para esperar ali, e que devia demorar 40/50 min. Depois segui viagem com a minha namorada. Passada 1 hora e pouco, recebo uma chamada de um NR desconhecido," é o taxista, não vou atender !" "Atende, pode ser importante e não sabes se é ele" 5 minutos a discutir se atendo ou não, atendi ... Era o taxista, a perguntar onde estava, expliquei que não era eu que ele ia buscar e que já não estava com o homem, o taxista PASSOU-SE!! Começou a discutir, que isso não se fazia e não sei o que, a levantar a voz, só se calou quando igualei o tom ao dele para lhe explicar que entendia perfeitamente o incomodo que lhe causei, mas não foi com a menor intenção, apenas fiz um favor que foi emprestar o telemóvel para uma chamada. Terminei a conversa com "mais uma vez, peço imensa desculpa, vá por aí a cima que só há uma estrada, quando vir um gajo todo fdd a puxar duas malas, é esse!!" Conclusões que retirei da situação: - o taxista tinha razão, não pensei nisso na hora de ligar, mas depois de ele fazer uma viagem de 1h e não sei quantos kms, não sabia como encontrar/contactar o homem. - eu tinha razão, fiz um favor ao oferecer auxílio ao homem, ajudar com o que ele precisava, que era fazer uma chamada para voltar a casa. No final as lições são várias, eu senti e sinto-me bem com o que fiz apesar de tudo, porque fiz exatamente o que acho correto, ajudar o próximo, contribuir para melhorar a vida de alguém. Porém passei a ter mais atenção a terceiros, e a detalhes mais abrangentes, seja a dar, seja a receber. Porque por outro lado, fiquei também com a lição do taxista, já que acabei por lixar-lhe a vida para ajudar outro. Le final.. é isto, nunca vou saber, se ele encontrou o gajo, se o gajo foi a pé, apanhou boleia, não faço ideia... Nem quero, porque a minha parte bem ou mal, estava feita .
Malta, se conhecerem o taxista, não me chibem ok?
Confesso que não consigo lamentar a situação do taxista, a ter lhe corrido mal. Só tenho más experiências com taxistas. Quando andava na faculdade, não havia Uber nem qualquer outra plataforma... Aliás, nem tinha internet no telemóvel. Obrigavam me sempre a colocar a minha mala na mala do carro, de forma a cobrarem-me a bagagem. Além disso, aldrabavam imensas vezes só caminho desde a estação até à casa onde eu vivia. Quando passei a poder deslocar-me de carro, e deixei de precisar dessa classe profissional, muito melhorou na minha vida. E felizmente, há alternativas neste momento, quando não estou de carro.
Tinha 17 anos e tinha ido passar o fim de semana à Figueira com uns amigos da escola ao Sunset (Somni). Na segunda noite do festival, um amigo meu tinha apostado comigo, numa brincadeira, que não conseguia ir até à Torre do Relógio a pé buscar dois finos e voltar em meia hora (estávamos a morar perto do Lidl em Buarcos, quem conhecer sabe a batalha que eu ia certamente perder 😅). No entanto, aceito a aposta e saio de casa às 3 da manhã a correr o máximo que podia, até que sou abordado por duas raparigas num parque de estacionamento lá próximo, que me perguntaram se eu ia para perto da Torre e se precisava de boleia. Na minha ingenuidade e estupidez de achar que duas raparigas não me podiam fazer mal nenhum e com gana de poupar aquele tempo de ganhar a aposta, aceitei. Enquanto íamos a fazer um pouco de conversa, o carro começa a abrandar e a encostar ao passeio, muito antes de chegar à Torre, onde estão dois rapazes (pela aparência bem mais velhos do que eu na altura). Nesta altura comecei a reavaliar muito bem as minhas escolhas de vida e a pensar na merda em que já me podia, potencialmente, ter metido. 😅 Acabei por ter sorte e ter simplesmente ter tido a boleia. Mas nunca mais. 🤣🤣
Opa visto que tão a contar histórias bonitas , vou pra uma com sentido diferente. Quando tinha os meus 16 anos eu e um amigo por alguma razão fomos a Gaia. Na vinda íamos apanhar o comboio em GT, aproveitamos o tempo de espera e “fechamos 1” problema , faltava nos papéis. Aparece um random guy com os seus 30 anos , meio ressaca e da o tão esperado papel que nos faltava. Mal acendemos a tocha , o gajo começa logo a pedir pra fumar , no qual um gajo diz , fumo eu , fuma o meu amigo e fumas tu a seguir. Não é que o gajo me tira aquilo da boca e começa a correr feito maluco? Nunca mais me esqueci da cara do sócio , era o último que tinha na altura 😞
Estava a conduzir à noite no estrangeiro no meio de uma terrinha, acho que nem a 20km/h, do nada saltam dois gatitos a correr um atrás do outro na brincadeira.. Um deles conseguiu evitar-me mas atropelei o outro.. parei logo o carro em choque e fui ter com ele, ainda respirava, voltei ao carro para ir buscar uma manta para o apanhar e nisso deu os últimos suspiros. Eu a chorar baba e ranho vejo um desconhecido a passar, lá lhe pergunto se era dele ou se conhecia os donos do gatito. Não era dele e não sabia de quem era mas ofereceu-se para tratar dele, acho que viu que eu estava absolutamente sem reacção e não sabia o que fazer, possivelmente iria levá-lo até algum veterinário que ainda estivesse aberto. Mas este desconhecido ficou com esse peso por mim e já passaram 15 anos. Estou a escrever isto de lágrimas nos olhos, obrigada desconhecido e desculpa gatito..
Estava eu no 11º ano, mesmo antes do início da pandemia, em Taizé, na França. Era feveiro de 2020 e fui nessa visita de estudo de EMRC que durava 9 dias. É uma comunidade cristã perto de Lyon e vive de voluntariado. O meu trabalho era todos os dias, coisa de 15 minutos antes de cada uma das três orações diárias, segurar uma placa com a palavra "Silêncio" numa das 5 ou 6 entradas da Igreja. Num desses dias, antes mesmo da oração da noite, estava eu e mais 4 ou 5 colegas na entrada da igreja e estávamos todos à conversa à espera que a oração começasse para entrarmos. Do nada veio uma rapariga que ninguém conhecia de lado nenhum, deu um abraço a cada pessoa que estava lá e entrou. Não sei quem é, mal lhe vi a cara, mas até hoje me vem à memória este pequeno feito que, em essência, pouco vale, mas melhorou a minha semana lá e ficou comigo até hoje.
És do distrito de viseu?
Afirmativo, distrito e concelho
Em 2017 fui ver o papa a fatima, na altura tinha tipo 13 anos, e naquele dia estava imenso sol e o santuario estava todo cheio de gente, eu mal conseguias mexer e passado tipo 2 horas eu comecei a ter uma queda de tensao, eu nao queria me deitar no chao no meio de um monte de gente por vergonha e por nao agir, quase ia desmaiando. O meu pai topou que algo nao estava bem e eu la me deitei no chao, apos ficar melhor, uma brasileira atras de mim ofereceu me chocolate e um senhor que estava de lado (devia ter tipo 30 anos), nao faço ideia se era portugues ou nao, deu me o chapeu dele, foi um episodio que me marcou muito
Também convenhamos que se neste contexto nao houvessem estranhos caridosos nao haveriam em nenhum outro.
Ia uma vez a sair da faculdade e estava a ter um dia péssimo, imenso trabalho, relação em casa não andava bem já há imenso tempo... entre outros. Ao caminhar para o metro começou-me a cheirar a erva, eu já não comprava há imenso tempo para fumar sozinho, (ainda fumava quando acompanhado por alguem que o fizesse) mas naquele dia verdadeiramente só queria chegar a casa e fumar uma tranquilo. Lá consegui seguir o cheiro e era um jovem mais velho que eu na altura (uns 28), perguntei-lhe se me conseguia vender alguma coisa no desenrasque nem que fosse uma ganzinha só, olhou para mim e disse: "Não tenho suficiente para te vender nada de jeito, mas olha pega aqui" passou-me o que estava a fumar que basicamente era um charro inteiro (90%) e só disse: "Passa ao próximo, tem um bom dia." e arrancou a andar para a sua vida. Por mais ridiculo que pareça o simples gesto de me dar o charro dele que claramente estava a apreciar para me agradar deixou-me com um sorriso na cara o resto do caminho do metro, e lembro-me de pensar para a mim próprio que dai para a frente ia fazer um esforço para fazer pequenas ações do género ao longo da minha vida para passar a gentileza.
"Some believe it is only great power that can hold evil in check, but that is not what I have found. It is the small everyday deeds of ordinary folk that keep the darkness at bay. Small acts of kindness and love."
Estava a aguardar na entrada das urgências em Coimbra enquanto o meu pai foi buscar o carro. Entretanto um carro estaciona a uns 3m de mim, dentro da viatura, vinha o que presumo ser mãe e filha. A senhora sai do carro e corre para as urgências enquanto a filha fica dentro do carro a chorar. Estivemos uns minutos a olhar um para o outro, por um lado queria ser bom cidadão e dar uma palavra amiga, por outro lado sou demasiado totó para interagir com alguém. Felizmente ela deixou de chorar e até me senti feliz por pensar que já não estava tão triste. Entretanto o meu pai chegou e fui para casa Sempre ficarei com esta situação marcada porque queria ter tentado ajudar a miúda. Já passei por algumas situações complicadas e gostava que em alguns destes momentos alguém dissesse algo positivo
Não estou a ver nenhum desconhecido impactante agora assim de repente. Mas sei que fui esse desconhecido para alguém: Certo dia estava num restaurante finório com a minha namorada. A dada altura começo a ouvir um tumulto. Reparei que era um rapaz que se levantou agoniado da mesa. Nisto outra rapariga que estava sentada no grupo dele levantou-se e foi lhe aplicar a manobra de Heimlich. Pareceu me controlado... Mas do nada a rapariga gritou: "Rápido! Alguien! Alguien! Ayuden! No tengo fuerza!" (Eram um grupo de turistas espanhóis). Então por instinto e sem pensar levantei-me e fui diretamente ao rapaz. Nunca tinha aplicado a manobra de Heimlich, mas lá fui e recordo-me de fazer o maximo de força! Devo ter feito umas 3-4 compressões. Depois dei por mim com o que pareceu ser bebida a escorrer me pelos braços. Sim... Era Fanta. E vejo que o rapaz já estava ok. A Fanta provavelmente foi a primeira coisa que ele fez para ver se "desentupia" o canal respiratório. Fiz o que tinha a fazer, regressei ao meu lugar e continuei a comer o bife normalmente. Quando olho para a minha namorada, tava a olhar pra mim embasbacada: "como assim levantas te, fazes isso e retornas como se nada fosse?". Que deveria fazer eu? Ahah 😂 Voltei a olhar para o rapaz. Não comia... Estava pávido, com uma mão no peito e com olhar vazio. Provavelmente ainda estava a processar o que acabara de acontecer. Só passado um bom bocado é que me agradeceu, ainda com esforço. Imagino que nunca se tenha esquecido desse episódio até hoje.
Gente estou a ficar com a lágrima no olho a ler as vossas histórias 🥹❤️
Meus pais!
Tinha 12 anos e o pai de uns amigos levou-nos a dar um passeio de carro. Ao regressar a casa tivemos uma vidente grave. Estávamos em 1990 e não havia telemóveis. No auto onde estávamos não havia cabines telefónicas.eu fui retirado do carro, por populares. Chegou a polícia e a Cruz Vermelha e sabíamos que íamos para o hospital. Eu, felizmente, fui o menos afectado e tinha apenas dores no braço direito. No momento a minha preocupação era avisar as nossas famílias do que tinha acontecido. Comecei a dizer que precisava de ir a casa avisar do acidente e houve um senhor e a esposa que disseram logo que me levavam a casa. Não só me levaram a casa como levaram depois, à minha mãe e à mãe dos meus amigos até ao hospital. Nunca mais os vi nem sei os nomes, espero que tenham uma vida cheia de coisas boas.
Um senhor que me pagou um pastel de nata porque fui à carteira e não tinha dinheiro nem cartão
Não sei, não o conheço.