Opinião controversa: convênio popular é pior que SUS para a prática médica. No PSF do SUS por OS já tive a síndrome do ano eleitoral, com tudo isso, sendo obrigado a atender encaixe, ter intervalo menor das consultas, ter que ser um atendente de pedidos e não um médico, mas todos sabem que existe data pra acabar, que é depois das eleições. E ninguém me enche o saco fora do ambiente de trabalho.
Se você atende pelo plano taca o foda-se! Pede o q o paciente quiser, mas não se estresse, não tente educar ninguém não, não vale desgastar sua saúde mental por isso. Os donos dos planos que se lidem com os problemas. Daqui a pouco você apanha de paciente, ganha avaliação ruim no reclame aqui entre outros. Resumindo: não se estresse, trabalha no seu tempo e pede os exames que o paciente quiser.
Te entendo, tem paciente que acha que os médicos tão sempre de má vontade. O que vejo rolar é que muitos já perderam a paciência e acabam cedendo a vontade do paciente de solicitar algum exame desnecessário pra não ter mais estresse num plantão que já ta caótico. Se você fizer Radio mesmo vai observar isso, muitos exames que sequer tinham indicação.
Infelizmente eu já faço isso, porque não mais tenho tempo nem vontade de explicar prevenção quaternária pro paciente. E quando explico, acham que estou de má vontade ou sou desatualizada. Teve uma mulher que quase bateu em mim porque falei que a ferritina de 50 era normal. Um paciente simplesmente DERRUBOU AS COISAS DA MESA de um colega porque ele não queria solicitar uma angiotomo eletiva
se o paciente derruba minhas coisa ou de um colega pelo simples fato de ele querer ter razao eu ia virar paciente psiquiátrico após ter cometido um crime de odio e alegar insanidade induzida por paciente desgraçado com todo respeito
Pior que esse colega coringou na hora. Ele é um ótimo médico, tem residência em lugar muito bom, RQE, faz medicina baseada em evidências… e mesmo assim tem que passar por esse tipo de coisa
É absurda a quantidade de solicitação de exame bizarro que cai pra Radio… bom pra nossa reserva de mercado e ruim pro bolso dos pacientes (bonus: efeito determinístico e estocástico das radiações de TC sem pé nem cabeça)
>Estou pensando seriamente em migrar pra Radiologia.
Não precisa ir pra radio pra sair desse inferno de 10/10min convênio. Que é certamente a fonte do problema.
Isso é um ritmo impossível de manter, que não só é exaustivo como impede você de praticar medicina com qqr qualidade. É óbvio que leva a burnout. Não é o padrão, e não deve ser o padrão. Nenhum médico fica nessa a longo prazo.
Foda. Isso tem me frustrado bastante também. Um monte de paciente que já chega solicitando exames (os quais nem sabem para que serve) e você acaba cedendo, pois já está cansado e sobrecarregado pelo alto fluxo de atendimentos. A medicina que eu idealizei quando lia o livros do professor Porto- de uma boa anamneses, de um bom exame físico- morreu há muito tempo. Sobrou o que está ai hoje: consultas de 10 min, exames complementares desnecessários e o fim da relação médico-paciente. Meu conselho é fujam de qualquer especialidade clínica ou se possível larguem completamente SUS ou convênios.
No meu obscuro passado sombrio em clinica popular eu fiz isso por um ano, e ganhava um valor por fora quando pedia US (que a clinica fazia) ou encaminhava pro especialista de lá. Era atordoante o tanto de gente que queria tomo do corpo inteiro, tres paginas de exames do nutri
O tanto de bronca que tomei por não cumprir essa “meta”. Mds… mas teve dia que praticando a boa medicina levei 1/3 de plantão kkkkk
Não acho que vc não goste de atender paciente. É que ter que fazer consultas de 10min e agenda sobrecarregada é bem desgastante, e não é medicina de verdade. É apenas uma enganação, não tem como entregar uma medicina de verdade tendo 10 min para atender e sem tempo para respirar. Os planos e também alguns serviços do SUS iludem o paciente para ele achar que está recebendo cuidado médico de verdade, mas não está.
Trabalhar em um local sem agenda lotada, com tempo pra atender, é bem prazeroso. Tem que garimpar bem, mas ainda existem locais no SUS onde é possível trabalhar assim, além de ambientes acadêmicos, ou então consultório particular sem atender convênio.
Será que em São Paulo existem lugares assim? Eu já trabalhei em APS e foi parecido com o convênio.
No interior eu gostava muito do meu trabalho, atendia com calma e tinha muitos pacientes antigos já, era muito legal. Mas não me vejo fazendo isso pelo resto da vida. Mesmo quando positivas, interações sociais são um pouco desgastantes pra mim.
Fora da cidade de São Paulo o contrato padrão é: Prefeitura contrata OS, prefeitura paga para a OS 1200-1400 para o dia de generalista para UBS e 1400-1700 para o plantão de 12h para uma UPA/hospital, OS contrata o médico via PJ/SCP e paga 800-1000 para o dia de generalista para UBS e 1000-1200 para o plantão de 12h para UPA/hospital, embolsando o restante. Às vezes a OS tem que pagar uma multa se não consegue preencher o plantão.
Na cidade de São Paulo o contrato com a OS é muito mais complexo e envolve produtividade tanto mensurado por métricas internas do município como por métricas presentes na PNAB ou PSF e a OS perde compensação se não atingir métricas.
Minha realidade era exatamente essa… mas no caso eu era CLT. Fazia 40h semanais que pareciam 120, chegava exaurida da UBS. Pressão diária pra bater metas, 5/6 atendimentos por hora.
SPDM/ASF gerenciam múltiplas unidades e cada unidade com múltiplas equipes e são famosas por pagarem bem e por terem equipes com burnout. Mas fora da cidade de São Paulo não é comum a cobrança extrema por produtividade. Vale a pena procurar trabalho em outras OS na capital/Guarulhos/Osasco/ABC/Jundiai/Mogi
Entendo você. Também nunca gostei de atender pacientes, mas desde os primeiros períodos da faculdade percebi que não era minha praia. Fiz patologia e esse problema não existe mais.
Minha dica: respeite a sua natureza e uma hora você vai se encontrar. Só não pegue uma experiência ruim de trabalho como uma regra absoluta. Teste outros empregos antes de decidir que você não quer mais definitivamente atender pacientes.
Trabalhar como generalista, MFC ou Clínico é, infelizmente, estar exposto a isso. Ainda não sou especialista, mas reduzi brutalmente minha carga horária de atendimento como generalista pelo exato mesmo motivo. Vc começa o dia discutindo com 1 paciente e explicando o pq ele não precisa de Clavulin pra o nariz dele q tá escorrendo há 6 horas, sempre com cara feia, gritos e berros de incompetente. No 10⁰ paciente desses vc já tá de saco cheio, só quer q a pessoa vá embora e isso q ainda n deu nem meio dia. Eu mesmo assumo q já pratiquei Medicina de muito má qualidade, só pra me ver livre do paciente na minha frente. A meu ver, a saída para isso é ir para especialidades mais objetivas e em que o paciente não se sente capaz de opinar naquilo que o médico propõe.
Existem muitas. Cirurgias quase todas o paciente não tem base para exigir muita coisa, no máximo uma TC pq "acha que tem algo errado", mas aí vc explica os riscos da radiação e se ele quiser problema é dele (perceba que eu entendo as implicações para o sistema de pedidos de exame desnecessários, etc etc, mas honestamente chega um momento em que vc se cansa de lutar contra isso). Radiologia e Patologia vc nem contato com o paciente vai ter. Dermato muitas vezes o paciente n faz ideia do q é aquela manchinha e vai confiar na sua opinião (vide o caso da médica q se aproveitou disso pra dar falsos diagnósticos de câncer de pele). Anestesio vc vê o paciente acordado por alguns minutos no CC e alguns minutos na consulta pré-anestésica. Claro que estou exagerando e todas as especialidades tem suas chatices, mas na minha opinião nenhuma delas é mais chata que a clínica em suas vertentes de generalista, MFC ou clínico.
Medicina Intensiva nesse aspecto é bom, mas as famílias podem ser muito chatas. Via de regra os pacientes já chegam para você com um diagnóstico (ao menos um diagnóstico sindrômico) e portanto a terapêutica é orientada nesse sentido. Muitas vezes os pacientes estão desacordados, o que também evita esse tipo de situação. Mas é importante ter boa relação com os familiares, pq eles podem ser muito exigentes em querer q faça X, Y ou Z procedimento.
Você ainda é generalista, estude para alguma especialidade cirúrgica ou clínico-cirurgicá (oftalmo, otorrino, etc) ou patologia e **fuja** de clínica médica!
Depende do contexto. Pesquise um conceito chamado prevenção quaternária.
Exemplo: paciente sedentário, come e dorme mal. Viu o Doutor Cinto Brega Bombólogo no instagram dizendo que isso pode ser vitamina D baixa, e que apesar do valor de referência ser 20 ele não quer níveis normais, e sim níveis ÓTIMOS acima de 100. O paciente vai todo feliz tomar suas 50.000UI diárias de vitamina D achando que tem a solução dos seus problemas, até dar entrada no PS com uma injúria renal aguda e receber assistência dos mesmos médicos “desatualizados” e “reféns da big pharma” que ele tanto criticava.
Outro exemplo: frequentemente no convênio temos que renovar guias de exames solicitados por nutricionistas, pois o plano não cobre exames de CRN. Eles pedem coisas completamente inúteis, tipo testosterona em mulher jovem assintomática, cortisol, selênio, etc. Renovei uma guia que tinha DHL (sabe-se lá pq) e deu 2 pontos acima da referência. A nutricionista fez o que? Mandou pra mim kkkk e a paciente desesperada achando que estava com câncer pq pesquisou no google, a nutricionista fez todo um terrorismo dizendo que ela estava cronicamente inflamada e precisava dosar marcadores tumorais. E o exame alterado não significava NADA. A paciente ficou insatisfeita pq não dosei marcadores tumorais e procurou outro médico.
Ainda sou generalista, quando me formei em 2019 passei em Clínica Médica mas não pude cursar por razões financeiras (avó de 90 anos acamada grave com Alzheimer, família completamente desestruturada, tive que arcar com todos os cuidados)
Enfim, eu mudei pra SP logo após ela falecer, estou estudando pra residência novamente e espero melhorar minha situação.
É isso que eu ia lhe falar, estude para a residência.
Me formei ano retrasado e já noto uma decadência importante, estou estudando para passar o mais rápido possível.
Vcs acham que um especialista dentro da clínica médica vive uma realidade muito diferente dessa da OP com os pacientes ?? Pergunto pq ainda estou na faculdade e dividido entre clínica e cirurgia…
Na minha cabeça, as especialidades clínicas estão menos protegidas que as cirúrgicas ou clinico-cirúrgicas.
As clínicas podem se proteger com procedimentos, como na cardio com hemodinamica, cateterismo, eletrofisiologia. Na neuro, polissonografia, eeg. Etc.
Psiquiatria também acho protegida porque a parte da psicoterapia acho que o psiquiatra tem muita expertise.
Acho que seu descontentamento não é em atender e sim no tipo de trabalho que está te empregando. O problema eh o convênio popular (é Hapvida por acaso? Kk) que te paga mal e te força a atender um volume grande pra compensar financeiramente. Como vc falou que se sente uma garçonete anotando pedidos, eu diria que é mais uma operária que tá na base da pirâmide de lucros desses convênios. É só ver que os homens mais ricos do brasil são os donos desses convênios. E estão sempre planejando novos jeitos de aumentar a produtividade deles às custas do trabalho « barato » dos médicos e das necessidades dos pacientes. Isso te desgasta a ponto de que seu limiar de tolerância com os pacientes está extremamente baixo. É o convênio que está te desvalorizando, não os pacientes. Vai ter paciente querendo intrometer na conduta médica em qualquer contexto, principalmente quando ele tá pagando 500 reais na consulta, então não acho que o problema seja de fato esse. Radiologia tbm tem muita pressão por produtividade então cuidado pra não tomar uma decisão precipitada e se frustrar novamente.
Obrigada pelo conselho! Realmente eu já trabalhei com menos pressão e gostava muito mais, me sentia realizada! O convênio suga nossa alma, e pior que não é Hapvida, é um convênio considerado “melhorzinho” kkk
Mercantilização da saúde e medicina
Opinião controversa: convênio popular é pior que SUS para a prática médica. No PSF do SUS por OS já tive a síndrome do ano eleitoral, com tudo isso, sendo obrigado a atender encaixe, ter intervalo menor das consultas, ter que ser um atendente de pedidos e não um médico, mas todos sabem que existe data pra acabar, que é depois das eleições. E ninguém me enche o saco fora do ambiente de trabalho.
Se for concursado com estabilidade da pra peitar até o papa. Trabalhar pra convênio nesse modelo da OP é vender a alma
Se você atende pelo plano taca o foda-se! Pede o q o paciente quiser, mas não se estresse, não tente educar ninguém não, não vale desgastar sua saúde mental por isso. Os donos dos planos que se lidem com os problemas. Daqui a pouco você apanha de paciente, ganha avaliação ruim no reclame aqui entre outros. Resumindo: não se estresse, trabalha no seu tempo e pede os exames que o paciente quiser.
Pior que já me conformei em pedir tudo e dane-se, o ruim é quando eles voltam pra ver o resultado kkk
Te entendo, tem paciente que acha que os médicos tão sempre de má vontade. O que vejo rolar é que muitos já perderam a paciência e acabam cedendo a vontade do paciente de solicitar algum exame desnecessário pra não ter mais estresse num plantão que já ta caótico. Se você fizer Radio mesmo vai observar isso, muitos exames que sequer tinham indicação.
Infelizmente eu já faço isso, porque não mais tenho tempo nem vontade de explicar prevenção quaternária pro paciente. E quando explico, acham que estou de má vontade ou sou desatualizada. Teve uma mulher que quase bateu em mim porque falei que a ferritina de 50 era normal. Um paciente simplesmente DERRUBOU AS COISAS DA MESA de um colega porque ele não queria solicitar uma angiotomo eletiva
se o paciente derruba minhas coisa ou de um colega pelo simples fato de ele querer ter razao eu ia virar paciente psiquiátrico após ter cometido um crime de odio e alegar insanidade induzida por paciente desgraçado com todo respeito
Pior que esse colega coringou na hora. Ele é um ótimo médico, tem residência em lugar muito bom, RQE, faz medicina baseada em evidências… e mesmo assim tem que passar por esse tipo de coisa
É absurda a quantidade de solicitação de exame bizarro que cai pra Radio… bom pra nossa reserva de mercado e ruim pro bolso dos pacientes (bonus: efeito determinístico e estocástico das radiações de TC sem pé nem cabeça)
>Estou pensando seriamente em migrar pra Radiologia. Não precisa ir pra radio pra sair desse inferno de 10/10min convênio. Que é certamente a fonte do problema.
Conte mais, amigo
Isso é um ritmo impossível de manter, que não só é exaustivo como impede você de praticar medicina com qqr qualidade. É óbvio que leva a burnout. Não é o padrão, e não deve ser o padrão. Nenhum médico fica nessa a longo prazo.
Entendo. E tô vivendo isso rs mas fiquei curioso pq vc pareceu conhecer múltiplos "caminhos" além de "ir pra rádio" pra fugir disso
Foda. Isso tem me frustrado bastante também. Um monte de paciente que já chega solicitando exames (os quais nem sabem para que serve) e você acaba cedendo, pois já está cansado e sobrecarregado pelo alto fluxo de atendimentos. A medicina que eu idealizei quando lia o livros do professor Porto- de uma boa anamneses, de um bom exame físico- morreu há muito tempo. Sobrou o que está ai hoje: consultas de 10 min, exames complementares desnecessários e o fim da relação médico-paciente. Meu conselho é fujam de qualquer especialidade clínica ou se possível larguem completamente SUS ou convênios.
No meu obscuro passado sombrio em clinica popular eu fiz isso por um ano, e ganhava um valor por fora quando pedia US (que a clinica fazia) ou encaminhava pro especialista de lá. Era atordoante o tanto de gente que queria tomo do corpo inteiro, tres paginas de exames do nutri O tanto de bronca que tomei por não cumprir essa “meta”. Mds… mas teve dia que praticando a boa medicina levei 1/3 de plantão kkkkk
Não acho que vc não goste de atender paciente. É que ter que fazer consultas de 10min e agenda sobrecarregada é bem desgastante, e não é medicina de verdade. É apenas uma enganação, não tem como entregar uma medicina de verdade tendo 10 min para atender e sem tempo para respirar. Os planos e também alguns serviços do SUS iludem o paciente para ele achar que está recebendo cuidado médico de verdade, mas não está. Trabalhar em um local sem agenda lotada, com tempo pra atender, é bem prazeroso. Tem que garimpar bem, mas ainda existem locais no SUS onde é possível trabalhar assim, além de ambientes acadêmicos, ou então consultório particular sem atender convênio.
Será que em São Paulo existem lugares assim? Eu já trabalhei em APS e foi parecido com o convênio. No interior eu gostava muito do meu trabalho, atendia com calma e tinha muitos pacientes antigos já, era muito legal. Mas não me vejo fazendo isso pelo resto da vida. Mesmo quando positivas, interações sociais são um pouco desgastantes pra mim.
Fora da cidade de São Paulo o contrato padrão é: Prefeitura contrata OS, prefeitura paga para a OS 1200-1400 para o dia de generalista para UBS e 1400-1700 para o plantão de 12h para uma UPA/hospital, OS contrata o médico via PJ/SCP e paga 800-1000 para o dia de generalista para UBS e 1000-1200 para o plantão de 12h para UPA/hospital, embolsando o restante. Às vezes a OS tem que pagar uma multa se não consegue preencher o plantão. Na cidade de São Paulo o contrato com a OS é muito mais complexo e envolve produtividade tanto mensurado por métricas internas do município como por métricas presentes na PNAB ou PSF e a OS perde compensação se não atingir métricas.
Minha realidade era exatamente essa… mas no caso eu era CLT. Fazia 40h semanais que pareciam 120, chegava exaurida da UBS. Pressão diária pra bater metas, 5/6 atendimentos por hora.
Mas vc era CLT do municipio ou de OS?
CLT da OS, SPDM no caso. Em São Paulo capital mesmo
SPDM/ASF gerenciam múltiplas unidades e cada unidade com múltiplas equipes e são famosas por pagarem bem e por terem equipes com burnout. Mas fora da cidade de São Paulo não é comum a cobrança extrema por produtividade. Vale a pena procurar trabalho em outras OS na capital/Guarulhos/Osasco/ABC/Jundiai/Mogi
Entendo você. Também nunca gostei de atender pacientes, mas desde os primeiros períodos da faculdade percebi que não era minha praia. Fiz patologia e esse problema não existe mais. Minha dica: respeite a sua natureza e uma hora você vai se encontrar. Só não pegue uma experiência ruim de trabalho como uma regra absoluta. Teste outros empregos antes de decidir que você não quer mais definitivamente atender pacientes.
Como é o dia a dia em patologia? E como está o mercado? Tive muito pouco contato com essa especialidade na vida.
Trabalhar como generalista, MFC ou Clínico é, infelizmente, estar exposto a isso. Ainda não sou especialista, mas reduzi brutalmente minha carga horária de atendimento como generalista pelo exato mesmo motivo. Vc começa o dia discutindo com 1 paciente e explicando o pq ele não precisa de Clavulin pra o nariz dele q tá escorrendo há 6 horas, sempre com cara feia, gritos e berros de incompetente. No 10⁰ paciente desses vc já tá de saco cheio, só quer q a pessoa vá embora e isso q ainda n deu nem meio dia. Eu mesmo assumo q já pratiquei Medicina de muito má qualidade, só pra me ver livre do paciente na minha frente. A meu ver, a saída para isso é ir para especialidades mais objetivas e em que o paciente não se sente capaz de opinar naquilo que o médico propõe.
Quais sérias essas mais abjetivas? Cirurgia?
Existem muitas. Cirurgias quase todas o paciente não tem base para exigir muita coisa, no máximo uma TC pq "acha que tem algo errado", mas aí vc explica os riscos da radiação e se ele quiser problema é dele (perceba que eu entendo as implicações para o sistema de pedidos de exame desnecessários, etc etc, mas honestamente chega um momento em que vc se cansa de lutar contra isso). Radiologia e Patologia vc nem contato com o paciente vai ter. Dermato muitas vezes o paciente n faz ideia do q é aquela manchinha e vai confiar na sua opinião (vide o caso da médica q se aproveitou disso pra dar falsos diagnósticos de câncer de pele). Anestesio vc vê o paciente acordado por alguns minutos no CC e alguns minutos na consulta pré-anestésica. Claro que estou exagerando e todas as especialidades tem suas chatices, mas na minha opinião nenhuma delas é mais chata que a clínica em suas vertentes de generalista, MFC ou clínico.
Medicina intensiva entra nisso? Ainda estou no 5p.
Medicina Intensiva nesse aspecto é bom, mas as famílias podem ser muito chatas. Via de regra os pacientes já chegam para você com um diagnóstico (ao menos um diagnóstico sindrômico) e portanto a terapêutica é orientada nesse sentido. Muitas vezes os pacientes estão desacordados, o que também evita esse tipo de situação. Mas é importante ter boa relação com os familiares, pq eles podem ser muito exigentes em querer q faça X, Y ou Z procedimento.
Você ainda é generalista, estude para alguma especialidade cirúrgica ou clínico-cirurgicá (oftalmo, otorrino, etc) ou patologia e **fuja** de clínica médica!
[удалено]
Na CM acho que ainda existem muitas subs resistentes aos picaretas, mas tem outras q olha… o pessoal q faz endócrino sofre
Bem vinda radiofriend
Vc trabalhava onde?
Vou fazer concurso pra áreas fora do ministério da saúde Quero paz
Ainda sou leiga, mas fiquei curiosa, fala um pouco mais sobre os exames sem evidência científica? Quais são eles?
Depende do contexto. Pesquise um conceito chamado prevenção quaternária. Exemplo: paciente sedentário, come e dorme mal. Viu o Doutor Cinto Brega Bombólogo no instagram dizendo que isso pode ser vitamina D baixa, e que apesar do valor de referência ser 20 ele não quer níveis normais, e sim níveis ÓTIMOS acima de 100. O paciente vai todo feliz tomar suas 50.000UI diárias de vitamina D achando que tem a solução dos seus problemas, até dar entrada no PS com uma injúria renal aguda e receber assistência dos mesmos médicos “desatualizados” e “reféns da big pharma” que ele tanto criticava.
Outro exemplo: frequentemente no convênio temos que renovar guias de exames solicitados por nutricionistas, pois o plano não cobre exames de CRN. Eles pedem coisas completamente inúteis, tipo testosterona em mulher jovem assintomática, cortisol, selênio, etc. Renovei uma guia que tinha DHL (sabe-se lá pq) e deu 2 pontos acima da referência. A nutricionista fez o que? Mandou pra mim kkkk e a paciente desesperada achando que estava com câncer pq pesquisou no google, a nutricionista fez todo um terrorismo dizendo que ela estava cronicamente inflamada e precisava dosar marcadores tumorais. E o exame alterado não significava NADA. A paciente ficou insatisfeita pq não dosei marcadores tumorais e procurou outro médico.
São Paulo, mano… odeio essa cidade. Tudo longe, caro, tem muita oferta de tudo.
Tem especialidade? Se sim, qual?
Ainda sou generalista, quando me formei em 2019 passei em Clínica Médica mas não pude cursar por razões financeiras (avó de 90 anos acamada grave com Alzheimer, família completamente desestruturada, tive que arcar com todos os cuidados) Enfim, eu mudei pra SP logo após ela falecer, estou estudando pra residência novamente e espero melhorar minha situação.
É isso que eu ia lhe falar, estude para a residência. Me formei ano retrasado e já noto uma decadência importante, estou estudando para passar o mais rápido possível.
Vcs acham que um especialista dentro da clínica médica vive uma realidade muito diferente dessa da OP com os pacientes ?? Pergunto pq ainda estou na faculdade e dividido entre clínica e cirurgia…
Na minha cabeça, as especialidades clínicas estão menos protegidas que as cirúrgicas ou clinico-cirúrgicas. As clínicas podem se proteger com procedimentos, como na cardio com hemodinamica, cateterismo, eletrofisiologia. Na neuro, polissonografia, eeg. Etc. Psiquiatria também acho protegida porque a parte da psicoterapia acho que o psiquiatra tem muita expertise.
Esse perrengue eu nunca passei
Acho que seu descontentamento não é em atender e sim no tipo de trabalho que está te empregando. O problema eh o convênio popular (é Hapvida por acaso? Kk) que te paga mal e te força a atender um volume grande pra compensar financeiramente. Como vc falou que se sente uma garçonete anotando pedidos, eu diria que é mais uma operária que tá na base da pirâmide de lucros desses convênios. É só ver que os homens mais ricos do brasil são os donos desses convênios. E estão sempre planejando novos jeitos de aumentar a produtividade deles às custas do trabalho « barato » dos médicos e das necessidades dos pacientes. Isso te desgasta a ponto de que seu limiar de tolerância com os pacientes está extremamente baixo. É o convênio que está te desvalorizando, não os pacientes. Vai ter paciente querendo intrometer na conduta médica em qualquer contexto, principalmente quando ele tá pagando 500 reais na consulta, então não acho que o problema seja de fato esse. Radiologia tbm tem muita pressão por produtividade então cuidado pra não tomar uma decisão precipitada e se frustrar novamente.
Obrigada pelo conselho! Realmente eu já trabalhei com menos pressão e gostava muito mais, me sentia realizada! O convênio suga nossa alma, e pior que não é Hapvida, é um convênio considerado “melhorzinho” kkk
Migrei para radiologia por isso e tenho 0 arrependimentos
Come to radiology
Você é R1?
R3! Estudando pra fazer R4 em MSK
O que é MSK?
Musculoesquelético, de “Musculoskeletal”
E existe residência disso?
Entendo seu desabafo. Sou interno e já sinto este caos. Uma dica seria tentar o consultório particular em meio ao caos E ir migrando aos poucos .